terça-feira, agosto 18, 2015

Filmes em revista sumária #511


O amor à pátria tem destas coisas, pelo que ninguém leva a mal a Nicole Kidman ela ter-se metido nesta alhada intitulada «Em Terra Estranha», mesmo sabendo-se de antemão que ela se teria saído bastante melhor, física e artisticamente falando, se o tivesse feito em Honolulu, onde nasceu efectivamente, em vez de na aridez e no pó da sua Austrália, autóctone e profunda.

Mais, este é um daqueles filmes em que o carimbo do prestigiado Festival de Sundance mais parece resultar de um pedido de cunha, do que propriamente da justeza em certificar um filme de qualidade, o que não é manifestamente o caso.

Pode ser que Kim Farrant, a realizadora (aqui estreante em longas-metragens), venha a ter um futuro radioso (oxalá), mas «Em Terra Estranha» não conseguiu passar das boas intenções, parecendo ceder em toda a linha à previsibilidade e à redundância da trama, e à tentação de chocar o público com um certo grau animalesco e escabroso da coisa...

Valem a este “thriller” de segunda duas ou três cenas dignas de nota, com realce para a da tempestade de areia, nomeadamente quando o grupo de fedelhos irrompe cenário adentro e desata aos tiros de fulminantes e aos berros, por entre a areia e o casal de protagonistas desesperadamente à procura dos filhos no meio de um deserto a 50 graus centígrados (calcule-se!), propiciando um momento surreal de invulgar e verdadeira inspiração criativa.

Do resto fica aquela imensidão natural e potencialmente fatal em volta de Alice Springs, bela e brilhantemente fotografada (a que não será indiferente o currículo de documentarista de Kim Farrant), e o duelo de actores, não entre Nicole e Joseph Fiennes (ainda se fosse o irmão Ralph…), mas entre aquela, ou melhor, entre os seus imensos e ainda expressivos olhos e Hugo “Agente Smith” Weaving, que mete no bolso todas as cenas onde entra. Obrigatório, por Nicole, apenas.


In O Diabo (18.8.2015)

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