Filmes em revista sumária #509
Portanto, isto de se entrar na vida “pessoal” de Holmes não é exclusivo nem novidade do presente Mr. Holmes, filme que conta com o sempre superlativo Ian McKellen enquanto actor principal e é realizado por Bill Condon a partir de um livro de Mitch Cullin – refira-se a este propósito que realizador e actor já tinham também feito algo parecido com outra figura, essoutra bem real, a do realizador James Whale, em «Deuses e Monstros» (1998).
Agora, a acção desenrola-se a dois tempos: o passado, contemporâneo ao dos livros, das séries e dos filmes sobre Holmes que todos conhecemos e amamos; e o da sua reforma (ou será retiro?), presa a uma dupla dicotomia - entre abelhas e vespas e a “verdade histórica” (da pena do Dr. Watson ou do próprio detective), por um lado, e, por outro, na necessidade de Holmes corrigir determinado erro de avaliação, cujo desenlace resultaria em tragédia, necessidade essa a que uma outra tragédia real, a de Hiroshima, se presta como espoleta.
Não que Holmes queira reescrever um caso extremamente intrigante ou de desenlace rebuscado (as suas novelas são sempre extraordinariamente singelas). Não, o que importa mais uma vez são os detalhes do fascinante universo cerzido por Conan Doyle, aqui marcadamente vincados pela excelência das prestações de McKellen (ainda que seja impossível superar Jeremy Brett enquanto Holmes – e que me perdoem Peter Cushing e Basil Rathbone), Laura Linney e do pequeno e expressivo Milo Parker). Não fora isso e o filme seria dispensável, ainda que interessante enquanto exercício de imaginação.
Ou seja, fica mais uma vez provada a tese: mais vale cingir Holmes às histórias de Conan Doyle e não inventar muito. Elementar, Bill Condon.
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