Filmes em revista sumária #508
E se o mesmo não se pode dizer do resto do filme é porque a partir do momento em que termina o affaire à hora do chá, tudo o que foi feito até aí, e foi quase tudo bem feito, começa a tremer por força do chorrilho de situações pirosas e politicamente correctas (ai aquele anelito na mão dela ao fim…) que se sucede. Valem-lhe os diálogos de excepção (ui, aqueles duelos extraordinários entre Glenn Close e Frank Langella!) que continuam inabaláveis até ao fim, mesmo que sua força e a sua frescura merecessem outro remate.
Além, bem entendido, doutro par de actores, que fizesse faísca e que o espectador pudesse compreender como passível de uma centelha «Das 5 às 7». Porque, convenhamos, nem Anton Yelchin (esforçado mas a precisar de sopro) nem Bérénice Marlohe (ex-Bond Girl) conseguem disfarçar uma incompatibilidade de facto, a que nem o maior dos acasos conseguiria obviar, quanto mais o que a fita nos mostra.
Seja como for é nos diálogos (e nos monólogos de Brian) que reside o interesse de «Das 5 às 7», e prova disso é que serão muitos os espectadores que os ouvindo viajarão em espírito até aos inolvidáveis filmes de Lubitsch ou Capra, só para falar de dois dos deuses da palavra filmada, tal a riqueza, o humor e a profundidade dos mesmos. Isso e a belíssima música de Danny Bensi.
Uma nota final para a disparidade de clichés que Levin pretender transmitir: enquanto os americanos só sabem ver filmes a comer pipocas, intervalando-as com banalidades, já os casais franceses cultivam e fazem questão no romance extraconjugal, ainda que sob postura existencialista. Pois.
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