terça-feira, janeiro 17, 2006

A frustração da guerra

À primeira vista, «Jarhead» parece um filme decalcado de «Full Metal Jackett», mas sem o brilhantismo do filme do mestre: os marines suam as estopinhas durante a recruta, dizem e sofrem obscenidades e parvoeiras entre jarhead, fazem declarações para os media, etc.) mas a pouco e pouco o filme parte para outra, que não o relato nú e crú da guerra, entrando antes pela via da narração, na primeira pessoa, da imensa frustração que a guerra é, a todos os níveis, mesmo para aqueles que só querem ir para lá para disparar contra qualquer coisa que se mexa.

Acontece que o filme seria vulgar (no que toca ao Iraque, «Three Kings» é-lhe superior) não fora duas coisas: a capacidade de Sam Mendes em tornar belo o cenário de horror (por vezes negro como um tição) daquela guerra do golfo, a tal Desert Storm. Já o tinha descoberto e conseguido com o lixo esvoaçando em «American Beauty», e volta a consegui-lo de novo. Há beleza naqueles poços de petróleo a arder. Naqueles corpos calcinados. Ou seja, Mendes consegue dar-nos beleza onde ela não existe. A outra grande mais valia do filme é a poderosíssima banda sonora, não tanto as músicas conhecidas mas a original, de Thomas Newman. Quanto a Jake "Donnie Darko" Gyllenhaal, ele está igual a si próprio mas isso não evita que perca todo o protagonimo para um surpreendente Peter Sarsgaard.

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