Primeiro o leopardo, depois a hiena, o que virá depois?
Confesso que cinema como o que contém «Il Gattopardo», nestes últimos meses, só mesmo com a estreia de «Saraband», de Bergman, ou com a reposição de «Sunrise», de Murnau. Pese embora já tivesse visto o filme que tornou ainda mais imortal (se isso se pode dizer) a obra da vida de Tomasi di Lampedusa, na realidade só o vira na pantalha diminuta das tv, nunca em écran de cinema. Desta vez, e apesar do cinema Nimas não ser um São Jorge, nem um Odéon ou um Tivoli (talvez fosse aqui o seu cinema de eleição), muito menos um Éden ou um Monumental, todos podemos admirar no cinema esta obra prima de Visconti graças às boas práticas de Paulo Branco. Continue com mais cinema de reprise, S.F.F.
Dito isto, pouco mais há a acrescentar salvo: ide a correr ver «Il Gattopardo». Ide ver a Sicília intemporal, feita de eternos contrastes, e ide ver os sicilianos que se julgam deuses. Ide apreciar aquele que terá sido o papel mais anti-Lancaster da sua filmografia. Ide ver Cardinale e Delon no auge da sua beleza. Mais a excelente qualidade de alguns dos melhores secundários do cinema italiano, como Paolo Stoppa ou Romulo Valli. Ide ouvir a partitura inspiradíssima de Nino Rota. E ver a fotografia de tirar o fôlego, de Rotunno. Os décors; a reconstituição histórica de um período tumultuoso da de Itália, feita à lupa por Visconti. Ide ver algumas das melhores cenas do cinema de Visconti.
Mas, acima de tudo, atentai nos magníficos diálogos que Lampedusa faz sair da boca do Príncipe de Salina. Cada frase saída dos seus lábios é uma sentença salomónica, no melhor sentido do termo. O que faz deste filme um verdadeiro tratado filmado de pura sociologia e de ciência política: a luta entre e intra-classes, a ascensão social, as fraquezas humanas, o fachadismo, os elementos da Natureza, o Homem. Magnífico, este «Il Gattopardo»!
O melhor plano? A família de Salina, em contra-picado, na varanda, despedindo-se de Tancredi. As melhores cenas? As conversas entre o Príncipe e o padre, no escritório; e com o deputado Cavouriano. As melhores sequências? O baile final, inspirador de mil e um realizadores, de Scorsese a Sokurov. Mas também o piquenique à Renoir. A chegada da família em procissão. A perseguição amorosa de Tancredi e Angelica por entre as divisões abandonadas para satisfação de vícios privados. A batalha entre piemonteses e realistas, filmada de jeito operático.
Afinal, escrevi muito...
Dito isto, pouco mais há a acrescentar salvo: ide a correr ver «Il Gattopardo». Ide ver a Sicília intemporal, feita de eternos contrastes, e ide ver os sicilianos que se julgam deuses. Ide apreciar aquele que terá sido o papel mais anti-Lancaster da sua filmografia. Ide ver Cardinale e Delon no auge da sua beleza. Mais a excelente qualidade de alguns dos melhores secundários do cinema italiano, como Paolo Stoppa ou Romulo Valli. Ide ouvir a partitura inspiradíssima de Nino Rota. E ver a fotografia de tirar o fôlego, de Rotunno. Os décors; a reconstituição histórica de um período tumultuoso da de Itália, feita à lupa por Visconti. Ide ver algumas das melhores cenas do cinema de Visconti.
Mas, acima de tudo, atentai nos magníficos diálogos que Lampedusa faz sair da boca do Príncipe de Salina. Cada frase saída dos seus lábios é uma sentença salomónica, no melhor sentido do termo. O que faz deste filme um verdadeiro tratado filmado de pura sociologia e de ciência política: a luta entre e intra-classes, a ascensão social, as fraquezas humanas, o fachadismo, os elementos da Natureza, o Homem. Magnífico, este «Il Gattopardo»!
O melhor plano? A família de Salina, em contra-picado, na varanda, despedindo-se de Tancredi. As melhores cenas? As conversas entre o Príncipe e o padre, no escritório; e com o deputado Cavouriano. As melhores sequências? O baile final, inspirador de mil e um realizadores, de Scorsese a Sokurov. Mas também o piquenique à Renoir. A chegada da família em procissão. A perseguição amorosa de Tancredi e Angelica por entre as divisões abandonadas para satisfação de vícios privados. A batalha entre piemonteses e realistas, filmada de jeito operático.
Afinal, escrevi muito...
1 Comentários:
"il gattopardo" é a prova do quão profícuas podem ser as relações entre cinema e literatura. Adicionalmente, também é a prova de que nem sempre o cinema sai menorizado perante a obra escrita...
Filme fundamental, "il gattopardo" prima por um mise-en-scène irrepreensível e, acima de tudo, prima por não colocar de lado alguns postulados neo-realistas. A luta de classes está lá, bem como todos os problemas existenciais e metafísicos do Homem.
Visconti, também ele "o leopardo", dá-nos conta de tudo isso, atinge o auge no baile final, dança de morte e de vida, entre a scensão de uma nova ordem e a tentativa (frustrada?) de manutenção de um novo regime...
Como diria o Princípe de Salina: "é preciso que algo mude para que tudo fique na mesma...". Il gattopardo, um filme fundamental (nunca será exagerado repeti-lo)
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial