quarta-feira, maio 10, 2006

Simplesmente Maria

É confragedora a inabilidade de Abel Ferrara quando sai do escuro e dos néons da noite nova-iorquina. Por isso, mesmo que se compreenda que a fase do misticismo calha a todos, algures nesta vida, vê-lo a alinhar pela tese da discípula Madalena, fazendo coro com o culto a que alguns nos querem fazer entrar, faz-nos perdoar-lhe todos os excessos dos policiais do seu c.v. Aqui, nem mesmo a inspirada, mas desadequada, música de Francis Kuipers ou actores da estirpe de Juliette Binoche e Forrest Whitaker salvam o chorrilho de palermices pegadas, que vão desde o regresso às origens de uma Binoche tocada pela luz, à mulher grávida do jornalista atirando-nos à cara com "este é o meu sangue", etc., etc. Tão confrangedor é o filme que assume pose de pretensioso, fazendo com que «Mary», que podia ser um belo objecto de reflexão sobre a fé, e de pura teologia, seja assim apenas um filme de culto, coisa de seita, em que 83m mais parecem 183.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial