Filmes em revista sumária #348
Mais do que uma revisitação à «Procissão ao Calvário», uma das mais famosas obras do mais famoso dos Brueghel, evitando assim ao espectador uma abalada até Viena para a ver in loco; «O Moínho e a Cruz» é uma tentativa bem conseguida do polaco Lech Maiewski, de escalpelizar aquela imaginando-se o pintor e recorrendo ao “seu” olhar, i.e., uma miscelânea possível entre crítica de arte e registo cinematográfico.
O filme é bastante bonito (dá uns stills magníficos!) mas o que de melhor tem o filme são mesmo aqueles planos de profundidade em que as personagens reais vão passando pelas cenas como figurantes animados por sobre pinceladas de cores e matizes vários, tendo como pano de fundo a religião, uma época e um ambiente muito próprios. Falta, quiçá, ajustar, equilibrar, as personagens reais à dimensão grotesca do olhar de Brueghel, talvez a grande falha do filme; isso e alguns actores completamente perdidos. Rutger Hauer mantém-se em forma e saúda-se o regresso às telas de Michael York.
No cômputo geral, Greenaway talvez tivesse feito melhor enquanto objecto plástico, mas Rohmer fez seguramente muito melhor em «A Inglesa e o Duque», enquanto Cinema, alcançando o mix perfeito entre fluidez narrativa e deslumbramento visual, com recurso às tecnologias de ponta.
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