terça-feira, janeiro 21, 2014

Filmes em revista sumária #435


O tema da escravatura; da exploração e atrocidades de que os negros foram alvo durante tantas gerações por parte dos brancos norte-americanos, seus proprietários (!), até que Lincoln lhes pôs cobro em 1864; não parece estar esgotado no cinema produzido em terras do Tio Sam, mesmo que, para todos os efeitos, no que toca aos requintes de malvadez com que os brancos tratavam os negros, ou à libertação de facto destes últimos pela sua inserção de pleno direito na sociedade americana (o que só ocorreu na segunda metade do século XX …); «Mandingo» (1975), de Richard Fleischer, e a série televisiva «Raízes» (1977) sejam, talvez, o expoente máximo. Seja como for, e talvez por culpa de Tarantino e do seu «Django Libertado», o tema está de volta e pela mão de um inglês negro de nome Steve McQueen!

Não sendo um filme-choque, longe disso, nem sequer pioneiro, como já se viu, na nudez e crueldade com que retrata a epopeia de dor e sofrimento por que passaram os escravos nas plantações de algodão e afins, os estupros e violações várias de que foram alvo, etc., «12 Anos Escravo» tem dois argumentos de pêso que valem perfeitamente uma ida ao cinema mais perto de si: um elenco de luxo (Chiwetel Ejiofor lidera, como pode, aliás, Michael Fassbendes, Brad Pitt, Paul Giamatti, Paul Dano, Benedict Cumberbatch), e uma história tremendamente verdadeira, contada na primeira pessoa mas de ‘pernas para o ar’: a saga de um homem livre que é feito escravo e do que ele sofre para voltar a ser livre – parábola sobre a actualidade em que todos vivemos?

Steve McQueen tem nesta sua terceira longa-metragem a possibilidade de dirigir muitos actores e figurantes, em cenários interiores e exteriores, feitos de grandes e requintados espaços, tão verosímeis e de época quanto possível, e não se dá nada mal, conseguindo enfiar o seu habitual cinema de rostos, silêncios, desesperos e subúrbio, num ‘pronto-a-vestir’ que, tal qual os índios ou a 2ª guerra mundial, continuará a ser filão para o grande ‘écran’.


In O Diabo (21.1.2014)

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