terça-feira, abril 08, 2014

Filmes em revista sumária #448


A pergunta que se faz quando termina a projecção de «Obediência» é: como foi possível tanta estupidez junta, santo Deus?

A acreditar no pré-aviso feito ao espectador de que se está perante um filme baseado em factos verídicos, é realmente confrangedor ver como foi possível àquela pessoas, aparentemente instruídas, supostamente não acéfalas, serem apanhadas desprevenidas e levadas a acreditar tão ingenuamente no que uma voz do outro lado do telefone lhes ia dizendo, e a obedecerem ao que ela lhes ia ordenando que fizessem, algumas sem pestanejarem sequer. À inverosimilhança do que iam ouvindo, aqueles adultos responderam de forma ainda mais inverosímil. Mais, será que um episódio escabroso deste gabarito só é possível na América profunda? Talvez não.

Seja como for, há neste «huis clos» de Craig Zobel (a modos que um «Saw» mas sem sangue…) matéria do foro psicossocial (mesmo psicossomático) que nem especialistas nem os próprios protagonistas conseguirão explicar cabalmente: o dia em que tudo de mau aconteceu à gerente de loja (os pickles e o bacon não são por acaso…), o noivado que foi posto à prova dos nove, a integridade e a hombridade que se revelaram onde talvez menos se esperasse que se revelassem, etc.

Um filme «indie» na verdadeira acepção da palavra, uma pérola cinematográfica, mesmo, muito para além do que ultimamente a chancela tem vindo a certificar de modo automático, como se tudo se resumisse a um «check list» de teste americano.

Um filme que está muito bem realizado (basta dizer que não há um único tempo morto num filme que é passado, basicamente, no mesmo cubículo) e interpretado (os olhares, por exemplo, estão extraordinários). E tem pormenores deliciosos, como o da sequência tipicamente 70’s, já perto do final, do inspector da polícia a ir da esquadra para o local do crime. Pessoalmente, passarei a ir com outros olhos ao «fast food» do virar da esquina.

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