terça-feira, setembro 01, 2015

Filmes em revista sumária #513


«Vai Seguir-te» (no original, It follows) pode parecer, e é, mais um filme de terror sobrenatural passado com adolescentes, em situações mais ou menos picantes e declaradamente plagiado (o que não é vergonha nenhuma) na obra de John Carpenter, o guru deste tipo de filmes, desde que lançou o mítico «Halloween», em 1978 (veja-se, por exemplo, como David Robert Mitchell, certamente seu fã incondicional, filma aquele fabuloso plano-sequência inicial, quase que resumindo em apenas 10’ todo o filme do mestre). Mas não é um filme qualquer.

E não o é porque está muito bem feito, acima de tudo por isso, porque tudo o mais, verdade seja dita, está visto: a praga do outro mundo, que vem para punir as promiscuidades de uma juventude inquieta, com pais ausentes; os gritos e as perseguições histéricas, as fileiras de casas (abandonadas ou não) dos subúrbios americanos, etc. Assim, em termos de realização, mesmo que chegando tarde e a más horas a Lisboa (o filme é de 2014), «Vai Seguir-te» está muitíssimo acima da média da maior parte dos seus congéneres mais recentes, americanos ou não, em formato mais ou menos terrífico-cómico, pelo que os parabéns vão quase inteiros para Mitchell (ele também é argumentista, mas este não vem ao caso), pela capacidade extraordinária que ele teve em saber manter permanentemente a tensão dramática e em conseguir-nos assustar mesmo quando já calculamos o que vai acontecer. E pela excelente direcção de actores, todos jovens e sem grande experiência defronte às câmaras – e certamente que alguns deles virão a ser estrelas, desde logo a mais que cheerleader do filme, Maika Monroe.

E não podem ir inteiros para o realizador por duas razões de peso, e também de assombro: a esmeradíssima e sempre imaginativa fotografia, do jovem Mike Gioulakis (mais um nome a reter) e a belíssima música electrónica, de Rich Vreeland (idem), que consegue nunca se repetir.

Resumindo, «Vai Seguir-te» merece um segundo visionamento e um lugar de relevo na estante lá de casa, tal como a sua banda sonora.

Ah, e aquele piscar de olho à piscina de «Cat People», na cena crucial do filme!


in O Diabo (1.9.2015)

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