quarta-feira, agosto 29, 2007

Filmes em revista sumária # 54


Tarantino está de regresso e traz com ele as suas memórias, que são também muitas das minhas. Por isso, mal estreou «Death Proof», rumei ao cinema mais próximo ... de écran minimamente compatível, claro, que o cinema de Tarantino assim o exige! - mesmo sabendo que o filme é uma parte de um díptico (perdoem-me os críticos de arte, mas os filmes do rapaz são mesmo obras de arte). Sinceramente, para quem gosta das memórias cinéfilas que tem, como é o meu caso, cada um dos filmes dele sempre foi um momento mágico, e é-o desde «Reservoir Dogs» (só mesmo naquela patuscada de há uns anos, em que Tarantino resolveu colaborar em 4 episódios manhosos, é que dei por mal empregues tempo e dinheiro).


Ultimamente, porém, os seus vícios (artes marciais, policiais anos 70, série-B, sangue com fartura, corpos estilhaçados, tratamento de choque, o sexo fraco que não o é, o kitsch, etc.) e as suas virtudes (uma capacidade de filmar a acção como mais ninguém tem; uns diálogos positivamente do outro mundo, quase a fazerem inveja a Allen - talvez sejam mesmo a outra face da mesma moeda? -; uma direcção de actores impecável, uma memorablia enciclopédica, uma notável capacidade em tirar do baú velhas glórias dos filmes de acção, bandas sonoras escolhidas a dedo, etc.) têm vindo a superar-se, a refinar-se, filme após filme, pelo que melhor é (quase) impossível; e, daí, talvez, tanta crítica ingrata.


Desta vez é Kurt Russell (não seria ele uma reincarnação do saudoso Snake Plissken, de «Escape from New York»?) que é repescado do baú, e logo para suar as estopinhas, feito gato-sapato de um trio de mulheres de arromba, imediatamente depois de ter recarregado baterias de adrenalina, imagine-se, refastelado que esteve com um lap dance capaz de derreter aço, e autorque foi de um choque frontal que não envergonha a «Vanishing Point» (aliás omnipresente em todo o filme ... mais um atestado do bom gosto de Tarantino).


Dança e choque que, juntamente com aquele diálogo arrastadamente sensual e interminável, e com a frenética perseguição que faz jus à máxima «virou-se o feitiço contra o feiticeiro», são as 4 cenas fulcrais do filme, que se vê, revê e torna ver. Personagens imperdíveis são as dos dois polícias/rangers que investigam o «acidente». Insuperável é o «faz de conta» que é antigo: os riscos na película, os saltos, as cores desbotadas ... só faltou mesmo o «pedimos desculpa pelo incómodo, o programa seguirá dentro de momentos», ou algo parecido.

Que dizer então de «Death Proof»? Ora! Que é imprescindível, pois então!

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