segunda-feira, junho 09, 2014

Filmes em revista sumária #456


Que o diga o protagonista de «Ruína Azul», aquelo pobre e tristíssimo vadio (anti-herói clássico) que depois de vadiar junto à praia em Delaware durante vários anos, vasculhando o lixo e pernoitando num antigo Pontiac azul (razão do título do filme) aparentemente estropiado, enceta uma vingança de truz, numa autêntica caça de espera contra quem lhe matou os pais e o tornou despojado de afectos, agora acabadinho de sair da prisão.

A vingança assume-se neste magnífico «thriller», escrito e realizado por um surpreendente Jeremy Saulnier, como o centro da narrativa, lembrando, desde logo, os manos Coen de «Sangue por Sangue» (1984) mas sobretudo aquelas matanças em que costumavam resultar as guerras entre famílias (vulgo clãs) da América profunda, entre entrincheirados em fardos de palha e afins, atirando tiros e insultos por todo o lado, e com que Disney costumava parodiar nos seus desenhos animados de boa memória, hoje, quiçá, politicamente incorrectos. Uma vingança que no fim se revela inglória, claro, mas que assume contornos de matança e onde o sangue é coisa que não falta.

A história de «Ruína Azul» não traz nada verdadeiramente de novo mas há qualquer coisa no filme que nos prende do princípio ao fim. Compreende-se o sucesso rápido em que este «indie», aparentemente barato, rodado com actores desconhecidos, se tornou, ao qual a fotografia e o ritmo a que tudo se desenrola ajudam e muito.

A melhor cena (e a mais violenta também), quiçá plagiada em «Henry: A Sombra de Um Assassino», de 1986, é a da casa de banho, onde parece que também nós estamos à espera, por detrás da porta, arriscando sermos descobertos antes de agirmos, prontos para espetar com força aquela faca dê lá por onde der.

NB: A ideia de se poder trocar latas e garrafas de plástico usadas por senhas convertíveis em produtos de supermercado ou outros, seria muito, mas muito bem-vinda por cá. Fica a ideia.


In O Diabo (9.6.2014)
)

1 Comentários:

Blogger Julio Amorim disse...

A tara nas latas de alúminio já cá anda desde 1984 e, as garrafas de plástico, desde 1994.
Com tara mínima de 1 coroa....poucas vão parar ao lixo. O filme ainda não vi....mas se por cá passar vai ser visto.

abr.

11:03 da manhã  

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