Filmes em revista sumária #522
Vai daí, o oscarizado Brian Helgeland, argumentista dos incontornáveis «L.A. Confidential», «Blood Work» e «Mystic River», abalançou-se à tarefa, que imaginou fácil, de rodar o filme definitivo sobre os manos boxeurs, celebridades do crime, talvez porque julgasse que o varrido Robbie e o straight Reggie (cada qual mais bruto, sanguinário e vedeta que o outro) se bastariam a si próprios como garantia. Eles e a vida à grande que levavam e que nem na prisão deixaram de ter, só terminando quando ambos se finaram por doença, então sexagenários. Puro engano.
Na realidade, «Lendas do Crime» pode até ser o filme definitivo sobre os Kray, mas não por ser um grande filme, que nunca é, antes parece um telefilme da BBC, bem feitinho e com uma recriação imaculada da década prodigiosa referida (e haverá algum filme inglês que não a saiba recriar?), mas antes por culpa inteirinha de Tom Hardy, aqui com mais uma interpretação portentosa, e em formato 2x1 – e como ele consegue que distingamos sempre os gémeos sem hesitar, não pela indumentária que possam apresentar mas pelos cambiantes de cockney, mímica e atitude que Hardy dá às personagens!
A australiana Emily Browning é Frances Shea, a malograda mulher de Reggie, e pré-anuncia uma carreira de sucesso. O resto é paisagem e um potencial roteiro turístico por Waterloo, Limehouse, etc., onde o filme foi rodado. Curiosamente, o Triumph Spitfire não chega a arrancar do lugar onde está estacionado…
Oh Deus, como teria sido este filme nas mãos de Scorsese!
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