quarta-feira, novembro 25, 2015

Filmes em revista sumária #523


Esta mania tão americana de querer produzir remakes de sucessos cinematográficos realizados além-EUA (sobretudo os de índole policial, da Suécia à Coreia, passando por Espanha, França e um sem-número de outras origens) apostando forte nos espectadores que não viram o original ou são avessos a filmes falados noutros idiomas que não o inglês, e servindo-se de empreitadas de muitos milhões e de muitas estrelas (actores, realizadores, etc.), geralmente dá em fiasco quando se compara a decalcomania ao original. Foi no que deu «O Segredo dos Seus Olhos», de Billy Ray (que é conhecido pelo argumento que escreveu para «Capitão Phillips» e … mais nada):

Uma banal cópia do oscarizado filme homónimo argentino de Juan José Campanella (que co-produz esta nova versão…), feito, imagine-se, nem há 6 anos e, portanto, ainda relativamente fresquinho na memória de quem se interessa mais por filmes do que por fitas. O pior, mesmo, é que mesmo que fosse um original, não lhe valia de muito o chamariz do trio de protagonistas - Nicole Kidman, Julia Roberts e Chiwetel Ejiofor (sobretudo este).

Um filme que não tem garra absolutamente nenhuma. Com uma trama policial sem qualquer interesse acima da média e em que a tentativa huis clos nos gabinetes da Procuradoria é um completo falhanço, talvez porque a fotografia, quase sempre, não consiga captar sequer o ângulo certo quanto mais a expressão. Em que não existe qualquer tipo de centelha no romance platónico entre o agente do FBI e a procuradora de turno (mais vale uma troca de olhares entre os originais Benjamín Espósito e Irene Hastings do que todos os diálogos entre Ray e Claire) e o vilão, esse pobre coitado, dá vontade de rir.

Não é que não haja algumas cenas dignas de nota no anglófono «O Segredo dos Seus Olhos», que as há, desde logo aquela do agressivo interrogatório feito por Nicole ao terrível informador (risos), talvez a cena mais conseguida de todo o filme, mas ele perde redondamente com a versão em espanhol, pelo que fica a sugestão para futuras tentações: quando assim é, mais vale fazerem uma dobragem.


In O Diabo (24.11.2015)

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