terça-feira, outubro 15, 2013

Filmes em revista sumária #418


Pelos idos de 70, quando os homens ainda valiam mais do que as máquinas, haveria de passar pela F1 aquele que talvez tenha sido o melhor lote de pilotos de sempre: Stewart, Lauda, Fitipaldi, Petersson, Ickx, Cévert, Revson, Hulme, Surtees, … Hunt. Também as máquinas (Ferrari, JPS Lotus, Tyrrel, McLaren, BRM, Brabham, Lola, etc.) se equiparavam entre si e tanto podia ganhar uma como outra. Porém, estava-se longe da segurança dos actuais cockpits, não havia época sem mortes na pista. Nessa década houve uma época particularmente memorável, a de 1976: um acidente inexplicável quase vitimava Lauda (a sua fibra, contudo, levá-lo-ia a contornar a extrema-unção que lhe foi administrada, a devolver-lhe as pistas pouco mais de 1 mês após o acidente, e o 1º lugar do pódio em 77), desfigurando-o para sempre e relançando o playboy Hunt na corrida ao título desse ano, feito que alcançou por entre a chuva torrencial do Monte Fuji e peripécias várias. Pouco já importa, fez-se história. É disso que trata «Rush», e por aqui ficámos a saber que Ron Howard tem efectivamente bom gosto.

A acção engole o espectador ininterruptamente. Projecta-o nas boxes e no paddock. Senta-o ao comando irrecusável de máquinas verdadeiramente voadoras, às rédeas do incomparável cavallino rampante. Não há calmante que resista a tanta adrenalina e ratés. Howard, diga-se, nunca esteve tão bem: a câmara não pára, os planos são curtos e rápidos, os ângulos irrespiráveis. Mas Hans Zimmer, talvez o mais empolgante compositor de bandas sonoras para filmes de acção (Silvestri já foi…) também tem muita ‘culpa’, ele e aqueles carros assombrosos de uma época irrepetível.

Pode-se não gostar de filmes sobre corridas de automóveis mas duvido que haja quem não goste de «Rush». Até agora havia, basicamente, dois marcos: «Le Mans», para os protótipos e com McQueen, e «Grand Prix», de Frankenheimer, para a F1, um filme tão ingénuo quanto credível (os actores foram dobrados por pilotos de verdade). Ron Howard entrou directamente para o 1º lugar do pódio, graças a tudo e também a um enredo extra-circuito que, por contraponto aos seus congéneres do passado, completa na perfeição o lado efusivo do filme, dando-lhe uma invejável compleição dramática. E Daniel Brühl está um verdadeiro Nikki!


In O Diabo (15.10.2013)

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