Lang
Fritz Lang (1890-1976) pertence àquele naipe de génios que marcaram indelevelmente o Cinema, a quem não se recusa filme algum em que contexto for, independentemente de ter havido vários Lang ao longo dos 40 anos em que escreveu, produziu e realizou (e interpretou) filmes, da Alemanha aos E.U.A, do final da Grande Guerra aos anos 60 do século XX. Vem isto a propósito do ciclo dedicado ao vienense, que segue na Cinemateca até Dezembro, sob o título «Fritz Lang – O Tempo do Cinema», e em que rumar à Barata Salgueiro significa isso mesmo: romaria.
Sendo a sua filmografia incontornável no seu todo, há filmes mais incontornáveis que outros, pelo que me perdoem os mais ferozes defensores da sua fase americana (a do café a escaldar atirado por Marvin à Grahame), mas é-me impossível colocar no mesmo plano o Lang dos tempos áureos da ‘parceria estratégica’ com Thea von Harbou e os filmes de ‘cowboys’ (nunca me convenceram o rancho das ilusões da Dietrich, nem o regresso do mano James, nem os tais de Conquistadores …), ou equiparar as suas aventuras pictóricas à Joe May, do final da sua carreira, com aqueloutras empolgantes dos «Nibelungos» (1924).
Com efeito, se pudesse pedir à Cinemateca para projectar sessões contínuas ad nauseam de Lang, pedi-lo-ia ‘apenas’ para 4 americanos, «O Segredo da Porta Fechada», «Almas Preversas», «Suprema Expiação» e «Fúria», e para 9 alemães: «O Testamento do Dr. Mabuse», «M», «Mulher na Lua», «Os Espiões», «Metropolis», «A Morte de Siegfried» e «A Vingança de Kriemhild» («Os Nibelungos»), «Dr. Mabuse, O Jogador» e «A Morte Cansada»:
Deliraria com Redgrave apavorado em abrir a porta, a Bennett a dar cabo do coração e da bolsa a E.G. Robinson, Tracy perseguido loucamente por uma multidão enfurecida, um intemporal ‘génio do mal’ chamado Mabuse, os gritos lancinantes de Lorre «muss ich», uma nave futurista aterrando de pé na Lua, o robot Maria e uma cidade de assombro, um superlativo Klein-Rogge no meio de espiões e mitos, e o Amor, que é mais forte do que a Morte, Expressionismo.
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