terça-feira, setembro 16, 2014

Filmes em revista sumária #470


Com quase meia centena de filmes no seu brilhante portfólio, é natural que desde para aí há já uns 15 anos a esta parte, mais coisa menos coisa, o quase octogenário Woody Allen (parece mentira, sim…), tenha engrenado a sua prolífica produção de um filme por ano numa espécie de piloto-automático (re)criativo, intercalando de vez em quando as suas comédias românticas, mais ou menos amalucadas e outro tanto filosóficas, por algumas inestimáveis pérolas cinematográficas de cariz profundamente dramático - olhe-se, por exemplo, aos memoráveis «Blue Jasmine» (2013) e «Match Point» (2005) -, produções em que ele não costuma ceder nem um só fotograma à comédia, ainda que não deixe de obedecer ao padrão da maior parte daquilo que o identifica junto do espectador, mesmo ao mais desatento, e que é a sua imagem de marca quase desde o começo:

Filmes com genéricos corridos a preto e branco e sempre no mesmo tipo de letra, acompanhados a jazz dos tempos áureos e com as fichas técnicas do costume (mais estrela menos estrela), sempre com uns diálogos de truz e de perder o fôlego, metralhados a um ritmo alucinante e embrulhados em “décors” de um bom gosto irrepreensível e, claro, com umas larachas muito bem apanhadas para apimentar a cena.

É aqui que se encaixa este «Magia ao Luar», a nova paródia de Woody à magia do abracadabra de sabor oriental e aos videntes de trazer por casa, treze anos depois do mal-amado «A Maldição do Escorpião de Jade», desta vem sem o próprio a protagonizá-lo mas com a estrela Colin Firth, o qual, contudo, mau grado todo o seu talento e toda a sua categoria, não consegue fazer levitar o filme para lá de uma mediania por demais evidente, nem para longe da Côte d’Azûr de encher o olho ou dos magníficos automóveis e do guarda-roupa de antanho.

É pena, tem pouca magia e sabe a pouco? É, tem, sabe. Mas, a bem dizer, Woody Allen é como aqueles amigos de longa data lá de casa, será sempre bem-vindo.


In O Diabo (16.9.2014)

2 Comentários:

Blogger Ricardo António Alves disse...

É verdade, sempre bem-vindo!

3:47 da manhã  
Blogger Julio Amorim disse...

Este ano fui ver o filme do "W. Allen"....e nem sabia o título.
Uma é certa....um dia vamos ter muitas saudades do "Woody Allen anual".

10:17 da manhã  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial