terça-feira, agosto 26, 2014

Filmes em revista sumária #467


Filmar poesia não é fácil, mais fácil é filmar poetas em bloqueio, mais ainda filmar algo de forma poética, e indubitavelmente mais ainda será fazê-lo aparentando sê-lo (poeta), decalcando deste ou daquele realizador reconhecidamente poético, a sua lente, a sua marca, a sua capacidade de transpor para a tela os escritos e os sentimentos de outros (ou do próprio) que nos transportam para o belo.

Vem isto a propósito de «Tar», escrito e realizado por 12 alunos de James Franco (também produtor…) da Universidade de Nova Iorque, que versa sobre uma colectânea homónima de12 poemas da autoria do premiadíssimo poeta norte-americano Charles Kenneth Williams, tentando reter para a posteridade cinéfila vários episódios e memórias marcantes familiares, amorosos e criativos da sua infância, adolescência e maioridade, dos anos 40 aos 80 do século XX.

Agradece-se o entusiasmo de James Franco em dar visibilidade ao poeta e aos seus, dele, alunos, que, graças a ele (e, já agora, à presença de nomes como Jessica Chastain e Mila Kunis no elenco) poderão lançar-se a novos e providenciais projectos, mas acontece, porém, que o filme parece demasiado “copy-paste” da estética e da narrativa de Terrence Malick, por exemplo. Daí que seja ainda cedo para retirar conclusões acerca do empenho com que o senhor prof. Franco decidiu patrocinar os seus alunos e se o mesmo justificava ou não, ou se os seus meninos não terão apenas usado e abusado do Instagram em testes de final de curso.

O melhor deste filme escrito e realizado a 24 (não serão antes 25?) mãos é mesmo a poesia em fragmentos C.K. Williams e, claro, o rosto híper-fotogénico de Jessica Chastain (as melhores cenas são com ela). Não é pouco, convenhamos.

P.S. É favor não confundir «Tar» com Béla Tarr.

In O Diabo (26.8.2014)

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial