terça-feira, novembro 11, 2014

Filmes em revista sumária #477


“Duas Vidas”, realizado pela dupla Georg Maas e Judith Kaufmann, não é um filme sobre o Programa Lebensborn (“fonte da vida”), o projecto tenebroso que Himmler idealizou e levou à prática durante 10 anos, promovendo a procriação de crianças entre oficiais militares alemães e mulheres dos países então ocupados (leia-se arianos…) pela Wermacht, permitindo àquelas o darem à luz secretamente, longe da reprovação dos seus conterrâneos - as crianças, depois de “educadas”, eram dadas “criteriosamente” para adopção. Mas antes o tivesse sido porque teria dado um filme muito mais interessante.

Em vez disso, o filme aborda o tema pela rama (talvez porque o trauma do dito cujo esteja ainda profundamente presente na sociedade norueguesa) e volta-se para uma narrativa de espionagem banal, no cenário do pós-queda do Muro de Berlim. Aliado ao facto da realização (demasiado telegénica – a co-realizadora também é a responsável pela fotografia) e a montagem (satura tanto “um passo à frente, dois atrás”) não serem as melhores, nem as interpretações, já agora (Liv Ullmann incluída), «Duas Vidas» cedo fica a perder pela opção feita ao enveredar numa história atabalhoada e algo ridícula, por vezes.

Seja como for, continua a haver dois filões cinematográficos chamados 2ª Guerra Mundial e “espionagem à volta do Muro”, pelo que o filme consegue manter-se à tona e manter o interesse do espectador incólume até ao epílogo, inevitável. Isso e os belíssimos cenários reais daquela Bergen e daquela estrada entre ilhas.

Resumindo, Lewis Milestone e Errol Flynn podem continuar descansados: “Um Raio de Luz” (1943) continua a ser o melhor filme sobre a Noruega resistente, que o foi, essencialmente.


In O Diabo (11.11.2014)

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Olá Paulo,

Sou leitor do CINE-AUSTRALOPITECUS e sou cinéfilo de carteirinha. Eu estou mandando esse email porque estou trabalhando numa empresa que desenvolveu um portal sobre cinema - o Cinema Total (www.cinematotal.com). Um dos atrativos do site é que você cria uma página dentro do site, podendo escrever textos de blog e críticas de filmes. Então, gostaria de sugerir que você também passasse a publicar seus textos no Cinema Total - assim você também atinge o público que acessa o Cinema Total e não conhece o CINE-AUSTRALOPITECUS.

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4:49 da manhã  
Blogger Paulo Ferrero disse...

Olá Marcos, obrigado pelo convite/desafio, mas chega-me este cinéfilo, às vezes nem para ele tenho o tempo que gostaria ... abraço

6:05 da manhã  

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