terça-feira, novembro 25, 2014

Filmes em revista sumária #479


Mais coisa menos coisa, «Interstellar», que marca o regresso de Christopher Nolan e do mano mais novo, Jonathan, autores do fabuloso e originalíssimo «Memento» (2000), vale por ser uma boa homenagem ao filme dos filmes de ficção científica (pelo menos), que dá pelo nome de «2001: Odisseia no Espaço» (1968), de mestre Kubrick. Só por isso vale o bilhete e as suas quase 3h.

Pelo menos na parte que toca à acção no espaço (expurgadas do caricato das cenas e da personagem de Matt Damon, dignas das comédias loucas de Leslie Nielsen - e não falo em Michael Caine por respeito…), que está lá toda: o desenho das naves, o incontornável do computador de bordo, a simbologia do célebre monólito, a travessia de buracos negros e galáxias, a relatividade do tempo e do espaço, etc. Já a preparação da “coisa” no planeta Terra e a história de amor de «Interstellar» deixam bastante a desejar e não são para aqui chamadas.

E vale também pela exploração espacial e poética, ainda que aos ziguezagues (o que é habitual nos irmãos Nolan) e apesar de se tentar mostrar um filme cerebral e científico (tem consultoria do físico Kip Thorne). O pior é que a tese vai sendo construída e transmitida atabalhoadamente e confusa (talvez tivesse sido bom ir espalhando uns post-it aqui e ali) pelo que atrapalha e muito, desde logo o próprio filme.

Visualmente assombroso, neste filme há de novo lugar ao “céu” que desaba sobre Christopher Nolan (foram os arranha-céus, em «Inception», agora são as ondas), sendo que o momento mais conseguido é a cena, decalcada do apagão a HAL, em que pai e filha coincidem no tempo e no espaço, separados por uma teimosa estante do conhecimento. A música de Hans Zimmer (quem mais?) vale outro tanto de «Interstellar». Isso e McConaughey e a Chastain, claro, dois actores extraordinários e que já têm o mundo a seus pés.

O futuro está nas estrelas? Talvez. O problema é que equação se vai tornando rapidamente em inequação. De qualquer forma nunca estaremos cá para saber.


In O Diabo (25.11.2014)

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