Filmes em revista sumária #490
«Vício Intrínseco» marca o regresso de Paul Thomas Anderson às comédias mais ou menos psicadélicas a que nos habituara (bem? mal?) durante a década de 90, de que os seríssimos e profundos «Haverá Sangue» (2007) e «O Mentor» (2012) terão servido de reticências, sob a forma de dois grandes apainelados sobre a natureza da América; sublime, o primeiro, o segundo, já nem por isso.
Desta vez, PTA (que ainda é novinho) foi beber inspiração ao escritor Thomas Pynchon para esta comédia policial em registo «rave», «nonsense», «cartoon» e de «overacting», de que certo «pavé», levantado pelas barricadas da Paris de Maio de 68, é «leitmotiv» (e perdoem-me esta sobredose de aspas). Não se deu mal.
O filme é uma paranoia alucinada tão grande e tão complexa à volta dos anos 70 americanos, que até se lhe perdoa ter provado, por a+b, não ter havido praia/areia nenhuma por debaixo da calçada parisiense, apenas erva. Como se lhe perdoa a duração excessiva, e a ressaca que certamente provocará na manhã seguinte à generalidade dos espectadores, que o tenham digerido a custo.
O fabuloso elenco de «Vício Intrínseco», contudo, ajuda a que a festa raramente descambe (apenas a personagem de Reese Witherspoon, enquanto procuradora, parece estar a mais…), e no final ninguém já achará estranho aqueles diálogos ou aquele frenesim, e que por ali tenham aparecido personagens baptizadas de Mickey ou Bambi, ou que Josh Brolin (impagável, como sempre!) goste de massacrar a personagem central do filme com o inevitável «what’s up, doc?», tal a proliferação de aventuras, desventuras e «gags» hilariantes em que aquela se mete durante 148’.
Pessoalmente, gostava que PTA tirasse da cartola um novo «Haverá Sangue».
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