Os 85 anos de um ícone chamado Eastwood
Sejamos claros: só graças aos críticos franceses terem colocado Clint Eastwood nos píncaros da 7ª Arte, paulatinamente, aqui enquanto actor, ali como realizador, até ao “ponto de não retorno” de finais dos anos 80 chamado «Bird», altura em que o distinguiram com o estatuto de Autor, é que ele pôde chegar onde chegou e ser aceite pela intelligentzia universal, incluindo a deste “rectângulo à beira-mar plantado”, onde, aliás, alguma dela ainda se mantém de pé atrás, chamando-lhe de tudo um pouco quando calha.
Isto pese embora Eastwood tivesse tido uma legião de fãs logo a partir de «Um Punhado de Dólares», o 1º dos western-spaghetti de Leone, um papel, por sinal, para o qual não tinha sido nenhuma das primeiras escolhas do realizador romano, mas que faria dele uma estrela, resgatando-o irrevogavelmente ao triste rol de filmes por onde passara a modos que figurante, até aí.
Contudo, até ao biopic de Charlie Parker, Eastwood fizera coisas sensacionais como «Play Misty For Me», «Thunderbolt and Lighfoot» ou «Honkytonk Man», e «Outlaw Josey Wales» (de visão obrigatória em cinema) mas que quase ninguém ligou. E como deve ter sido duro para ele conviver com a crítica velada de que não sabia representar e que por isso o seu cowboy sem nome entrava mudo e saía calado, mais tiro menos tiro, mascando mais ou menos tabaco. Ou de que se levava a sério na personagem de Dirty Harry, fazendo de “go ahead punk... make my day” o seu mote.
Seja como for, Clint Eastwood continua aí bem vivo, com 85 anos, do alto do seu 1,93m de altura e das suas incontáveis rugas, sem abdicar do uso da câmara e de pousar para ela, pronto para as curvas e a dizer “presente”, como se comprovou muito recentemente naquela tremenda sequência do filme que realizou sobre o sniper Chris Kyle, em que o mesmo é resgatado pelos camaradas de armas no meio de uma tremenda tempestade de areia; uma sequência que ficaria bem a qualquer um dos “realizadores-farol” de Eastwood, com Huston e Siegel à cabeça.
Obrigado à tecnologia que nos permite ter Clint Eastwood sempre à mão.
5 Comentários:
Algo estranho neste actor....pois começo e acabo sempre a ver o Clint no ecrã. Talvez que o seu "reportório" não vá mais longe disso...."contudo e sempre tudo" fico agarrado e fascinado a ver o tal !? Como realizador tem voado bem alto....e quem adivinharia isso lá para 1970 ?
É isso mesmo, caro Júlio, é isso mesmo :-) grande abraço
Por acaso, tenho *quase* todos os filmes citados (faltando citar "The Eiger Sanction" e talvez mais um ou dois). Sem ser por acaso, num passeio pela Califórnia não perdi a oportunidade de passear 2 horas por Carmel-by-the Sea, sempre à espera de ver o seu ex-Mayor a sair de um estabelecimento. Não tive sorte... se calhar estava a tomar chá com a Doris Day, no hotelzinho desta. Mas valeu pela intenção. Ou pela devoção, sabe-se lá...
(entretanto, descobri que no meu lote de 43 filmes não consta "Thunderbolt and Lighfoot". A remediar rapidamente...)
:-) Caro Mário, sim, essa da neve tb é bom. E «The Beguiled», aquele onde o pobre desgraçado é molestado e violentado pelas patroas lá de casa :-)
Aaaahhhh !! "The Beguiled"... com a Geraldine Page... :)
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