sábado, dezembro 12, 2015

Leões da Estrela


Esta é uma crónica feita ao contrário, em negação absoluta sobre o objecto em apreço, uma escrita ignorando olimpicamente o que é, ou deixa de ser, o novel «O Leão da Estrela», fita estreada há pouco entre nós e à qual se deseja vida breve, morte súbita, portanto, embora haja quem (provavelmente o autor) contraponha aos epítetos já lançados por alguma da mais ilustre crítica lusitana (“coisa”, “para quem é, bacalhau basta”, “produto televisivo medíocre”, “chorrilho de disparates” entre outras designações “eventualmente chocantes”) e de quem não se duvida nem por um instante, de que a realidade dos números (futuros) em termos de espectadores a desmentirá, ou seja, as 600 mil almas penadas que, espera, irão assisti-lo (graças à publicidade e que valerão economias de escala em termos de subsídios…), tal e qual aquando da primeira das comédias clássicas, «O Pátio das Cantigas» (a outra é «A Canção de Lisboa») a serem blasfemadas, sem que nada tenham feito para o merecer.

Assim, servem as presentes linhas de memento a quem perdeu o hábito de rever os filmes de antanho, já não digo dos nossos clássicos do mudo de Ângela Pinto ou da Rey-Colaço, mas dos sonoros que o serviço público de TV calou e tem vergonha em exibir. Falamos daqueles com elencos foras-de-série (actores, realizadores, compositores, cenógrafos, etc., excepção feita à sonoplastia, o nosso eterno calcanhar de Aquiles). No caso presente, e à cabeça, do extraordinário António Silva e de nomes como Milú, Erico Braga, Laura Alves, Maria Eugénia, Curado Ribeiro, Artur Agostinho, Maria Olguim, Óscar Acúrsio e, naturalmente, do inolvidável Arthur Duarte.

Mas escrevemo-las também, e sobretudo, em defesa da honra dos “Cinco Violinos”, dos geniais Peyroteo, Albano, Jesus Correia, Vasques e Travassos, heróis de uma bola sem UEFA, botas de ouro, transmissões por cabo e corrupções, em que as bolas eram de “caoutchouc”, as chuteiras pesavam toneladas, as traves eram de madeira, podia-se levar guarda-chuvas para os estádios e os árbitros não precisavam de defender a honra da mãe.

«Se é leão, é um homem de bem».


In O Diabo (8.12.2015)

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Sim....correu em tempos um boato nas ruas de Benfica que havia existido uma boa equipa de lagartos !?
Nao sei se é verdade....pois nessa altura já havia panteras, torres e colunas a pisar outros relvados na 2:a circular.

abr.
J

11:07 da manhã  
Blogger Paulo Ferrero disse...

Hehehehe, ai correu, foi? Hum, os 5 violinos são anteriores, em 10 anos, ou mais, a essas coisas de felinos negros e altarões caceteiros :-) abraço

5:01 da manhã  

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