Filmes em revista sumária #532
E se a acção de «Os Oito Odiados», o 8º filme de Quentin Tarantino, decorre algures nos tempos de rescaldo da Guerra da Secessão, a acção do que aí vem passa-se quase na totalidade dentro de uma estação de apoio, na “retrosaria” da Minnie, que rapidamente pede meças à «Estalagem Sangrenta» de Autant-Lara e Fernandel … e como Tarantino sabe misturar como ninguém sangue com gargalhadas, desde logo pelos detalhes gore com que gosta de salpicar os seus filmes mais explosivos (os vómitos de sangue em agulheta, o braço cortado de Ruth dependurado da corrente a que Daisy Domergue está algemada, etc.).
«Os Oito Odiados» está alguns furos abaixo de «Django Libertado» (2012), talvez porque seja mais que muito o auto-plágio de Tarantino desta vez (e há ali tanto de «Cães Danados), e já cansem as referências às grandes referências do policial e do western (spaghetti, acima de tudo), seja porque o filme empastele a certa altura e de nada lhe valham o brilhantismo dos diálogos ou a fotografia assombrosa das cenas épicas do lastro, no vai e vem da estação ao estábulo, só recuperando já na recta final, quando as balas fazem justiça e a violência monta o circo.
Não será por falta de actores, que Samuel C. Jackson, Kurt Russell e Jennifer Jason-Leigh estão soberbamente maus que se fartam, e há um certo Walton Goggins com um papelão e pêras, enquanto Xerife Mannix. Nem por falta de inspiração divina de Morricone & Leone. Será porque são 8 personagens à procura de um autor?
Mesmo assim, «Os Oito Odiados» é Tarantino, e Tarantino é Tarantino: excessivo, obsessivo, provocador, folgazão, cinéfilo, virtuoso, único mas não … um autor. E ou se ama ou se odeia, multiplicado por oito.
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