terça-feira, janeiro 19, 2016

Filmes em revista sumária #529


Que seria de «Joy» sem a bochechuda e irresistível Jennifer Lawrence, e recentemente galardoada com o respectivo Globo de Ouro (e não se vai ficar por aqui…), é a dúvida que fica ao fim das duas horas do último filme de David O. Russell, que volta a desconcertar em mais um dos seus raios-X implacáveis e alucinados, mas bem-humorados, ao sonho americano (capitalismo?), no presente corporizado na histórica verídica de determinada milionária-cinderela (mas sem príncipe encantado), obra e graça de uma “esfregona miraculosa” e de uma tal de Televisão.

O filme é bom, que disso não restem dúvidas, mas a desarticulação habitual e deliberada (supõe-se), patenteada ao longo dos filmes do realizador de «Três Reis», desta vez é excessiva, havendo quebras desnecessárias (por vezes até parece que o som se vai…) entre cenas, por exemplo, entre o quotidiano daquela família disfuncional (há ali muita personagem e muita situação à la Wes Anderson) e a empresária para lá da esfregona, não permitindo a necessária “cola” para que tudo flua como deve fluir e, inclusive, o próprio ritmo do filme se mantenha estável e imune à bizarria de todo o resto.

Salvam-no os diálogos, por vezes endiabrados, e um elenco fora de série, liderado por Jennifer Lawrence, que desenvolve um conjunto de cambiantes digno de nota (parece mentira como tem apenas 25 anos…), mas também com o valente suporte de nomes como De Niro (que nunca será secundário), Isabella Rosselini (soberba!), Virginia Madsen (idem), Diane Ladd e Bradley Cooper, quiçá subaproveitado.

Melhor cena? A de Joy num hotel algures na Califórnia, confrontando o falsificador de patentes (personagem lynchiana?), a fazer lembrar os ajustes de contas nos westerns.

Resumindo, quem tem Jennifer tem tudo.


In Diabo (19.1.2016)

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