Mais do mesmo: aliens invadindo a Terra, destruindo cidades e matando a torto e a direito, naquilo que é uma decalcomania descarada da «Guerra dos Mundos», de H.G.Wells; pirotecnia à velocidade da luz de modo a baralhar o espectador (mesmo que bem feita nalgumas das sequências do filme, ainda que os efeitos especiais, que até são bons, apareçam um pouco “desfocados” para baralhar ainda mais); actores em piloto-automático (e mais não é preciso, verdade seja dita), e algumas cenas de acção bem conseguidas, muito por culpa da “câmara ao ombro”, cada vez mais em voga, aliás. No cômputo geral «Battle: Los Angeles» é um banalidade em termos de ficção científica. Ah! é verdade, tem piada a ideia de L.A. ser o centro do mundo…

Foto

Que maior elogio se poderá dar a «Source Code», que dizer que Rod Serling ou Ray Bradbury teriam gostado de o ver, pelo menos isso? O filme está excelente, tem imensa garra (e isso não é só porque Jake Gyllenhaal é de facto um actor extraordinário…), prende o espectador do princípio ao fim (mesmo sabendo este que o enredo não vai mudar nunca) e sci-fi assim é o que se desejaria que acontecesse por muitos e bons anos; contudo, esta será apenas uma excepção numa indústria totalmente dominada por efeitos especiais, na sua maioria tão medíocres quanto sofisticados, e por guiões que pretendem ser argumentos. Ao realizador de «Source Code», Duncan Jones (*), desejo o mesmo que a Nolan, depois de ver o fabuloso «Memento»: que nos traga muitos e bons filmes!

(*) Obrigado pela correcção, Harry Madox.

Movimento de espectadores da Cinemateca

Hoje, às 21h, manifestação de apoio em frente à Cinemateca.

"Sessão temporariamente suspensa" - Protesto pela Cinemateca
Local: em frente ao número 39 da Rua Barata Salgueiro
Hora: quinta-feira, 28 de Abril de 2011 21:00

«The Sad Sack» (O Herói do Regimento), é um dos seus one man shows, com um Jerry Lewis acabadinho de sair da parceria com Dean Martin. É um dos meus preferidos e que, na falta do Caleidoscópio e do Berna, cinemas onde era obrigatório ir ver Lewis, faz da Cinemateca Júnior um local de peregrinação aos Sábados à tarde.

Ou, talvez, antes um gigante chamado Cherkasov, ou um génio chamado Eisenstein, na falta do Santo em que D. Nuno se deve ter inspirado...

Sempre que dá na TV não o perco. De algum modo é como voltasse àquela tarde de reprise, também ela, vista da plateia do inolvidável Eden, morto e enterrado por uns quantos demagogos alarvóides que no lo tiraram para sempre.

Por Modigliani. Foi o dois em um.

Veio este, por ser dia do livro e em homenagem ao centenário do autor e ao número 16.

Mas ainda não foi desta que veio no saquinho da FNAC. Desolato.

À parte um nada envergonhado oportunismo pelo «bullying» (designação pós-moderna para “porrada” entre colegas de escola) e o totalmente dispensável «happy ending» à americana, « Num Mundo Melhor» é mais um excelente exemplo de que o cinema nórdico continua a dar cartas, ainda que com os seus colossos já desaparecidos. Desta vez é um filme dinamarquês, aliás profundamente vinculado aos cânones suecos (aliás, a figura central da trama é uma família sueca, de certa forma inadaptada e mal amada da comunidade local dinamarquesa – coisas de vizinhos): a família, a moral; os mais novos e os mais velhos; a dor, a ira, a vingança, a reconciliação. Tudo filmado de forma pictórica e dirigido e interpretado da forma mais natural do mundo. Há mesmo momentos sublimes, como o do resgate da união dos pais pelo filho herói (se fosse tão simples assim, talvez houvesse mais bombistas, até…), por exemplo. E a prova de que é possível fazer bom cinema com histórias simples e do dia-a-dia do comum dos mortais.

«Red Riding Hood» é uma profunda desilusão e, dada a enorme espera de que o público português foi alvo, talvez fosse boa ideia pedir-se a di Caprio, enquanto produtor, o dinheiro do bilhete de volta ... Desilusão de enredo (supostamente inovador sobre um tema que está bem como está, i.e., a história do Capuchinho Vermelho é actual, tem todos os condimentos certos e o modo mais que certo), criatividade artística (a realização, os décors, o desenho gráfico, os efeitos especiais, etc., é tudo um imenso flop), as interpretações (os meninos e as meninas com olhar de mau e look à saga «Twilight», a choramingas "que já não se pode" Amanda Seyfried, etc. - e o que estão ali a fazer Gary Oldman e Julie Christie?). É o filme ideal para dormir. Pior do que este barrete vermelho era impossível...

Espero que tenha sido um bom «Intermezzo», o havido esta tarde. Se bem me recordo, trata-se de um filme belíssimo, com um par em estado de graça.

Filme desenxabido acerca da gula especulativa e sem escrúpulos do mundo empresarial, dos malefícios do “grande capital”, etc. bago de uva; este «The Company Men. Mas também – e esse é o aspecto mais interessante do filme – um filme que é uma chamada de atenção de facto a quem vive acima das suas possibilidades e se arrisca a cair no abismo, e, por isso, um filme a oscilar entre o oportunismo e a actualidade. No resto é um mero chorrilho de estereótipos. As interpretações de Chris Cooper e de Tommy Lee Jones valem a deslocação.

E por isso passei a intercalar Nabokov com «O Lobo das Estepes».

Desapareceu um dos meus realizadores preferidos. Mas não as imagens dos seus filmes que devem fazer parte de qualquer "DVDteca" que se preze: «The Pawnbroker» (RTP), «12 Angry Men» (RTP), «The Hill» (RTP), «The Deadly Affair» (RTP), «The Sea Gull» (RTP), «The Appointment» (TCM), «The Anderson Tapes» (RTP), «The Offence» (RTP), «Serpico» (São José), «Murder on the Orient Express» (VOX), «Dog Day Afternoon» (Apolo 70), «Network» (Condes), «Prince of the City» (Quarteto), «The Verdict» (Miramar).