De entre mais de 100 aparições em filmes e afins deste secundário de topo, especialista em personagens sado-cómicas, checo mas que irónica e facilmente passava por alemão, retenho o seu imenso papelão em «The Ladykillers» (1955) e, claro, os gags na série da Pantera Cor-de-Rosa. Nunca passava despercebido.

Não tenho pachorra para esses jogos de espelhos que vão alimentando por aí.
E só num entraria de bom grado: «A Dama de Xangai».

Directamente de «Get Carter» e dedicado às palhaçadas várias que por aí andam disfarçadas de cidadanias.

I.e., a preparar-me para amanhã ser sujeito a tortura dentrífica, vide «Marathon Man».

Grace Kelly

Ou como Olivier, perdão, Ricardo III volta a estar nas bocas do mundo:

«University of Leicester archaeologists have found a ’prime candidate’ for the remains of Richard III, it was announced today (12 September): a male skeleton with possible battle injuries and a distorted spine [...]».

Entre fumaças & snifadelas, tiros & pancadaria, sangue & sexo e ritmos & sons alucinados; é mais do mesmo o que Oliver Stone nos dá em «Selvagens», e tudo quanto seja esperar mais, por essa via, do autor de «Platoon» (quem diria…), esbarrará sempre em «U-Turn»; destino por sinal do final-farsa do filme em apreço. É esperar em vão até porque, pela outra via em que tem filmado, a da crítica política, já se viu que as entranhas falam sempre mais alto do que o resto, salvo em «Wall Street», em que ainda não eram tão azêdas. Seja como for, há coisas giras neste filme e bem giras ... Valem sobretudo nesta charge a Shakespeare aquelas sequências rápidas sob lente e formato out of order, e, claro, algumas personagens tresloucadas que agarram imediatamente o filme, e que é pena que o sejam apenas enquanto (falsas) secundárias: a de Benicio à cabeça, claro. Next.

«Ruby Parks» não tem a frescura nem a irreverência de «Little Miss Sunshine», o anterior filme da “dupla MTV”, Jonathan Dayton e Valerie Faris, mas tem qualquer coisa que faz com que valha a pena passarmos hora e meia a aturar a história de um solitário escritor de sucesso (Paul Dano está pouco irritante, desta vez) que de repente se vê a (nos) braços com o amor da sua vida, saído directamente para a realidade desde o papel por si acabadinho de dactilografar. Não sendo muito original na história aqui escrita pela neta do gigante Kazan, é contudo na realização simples e bem sincopada por momentos de humor e dramatismo, q.b., que reside o não sei quê da impossibilidade de lhe sermos indiferentes.

P.S. O que estão ali a fazer Annette Bening e António Banderas?!

Não fora aquele registo mais que boçal da maior parte dos gags (verdadeiramente insuportáveis os do paizinho Delpy…) e o incompreensível e redundante estereótipo do pseudo-“choque cultural” (já foi tempo isso da noblesse oblige), e talvez que tivesse sido possível evitar que este «2 Dias em Nova Iorque», de Julie Delpy, descambasse em tão inusitada desilusão, dado o perfil da actriz-realizadora. Mas assim não foi, pelo que se pergunta; haverá pachorra para mais “dias”? É que nem todos podem ser Woody Allen.