O cinema de Terry Gilliam já viu muito melhores dias, é um facto (e que saudades dos tempos de «Brazil»), mas a verdade é que o único americano dos Monty Python nunca cansa de nos surpreender pela fantasia, irreverência, imaginação e
féerie, que nunca cansam, mesmo que ele se acabem por auto-plagiar e que «
The Imaginarium of Dr. Parnassus» acabe por sofrer dos mesmíssimos males de um «Barão Munchausen», por exemplo, que também teve a sua dose (grande) de decepção: incapacidade em explorar as potencialidades de uma história aventurosa e rocambolesca, incapacidade em gerir a fronteira entre o decorativo e o supérfluo, incapacidade em cerzir as diferentes componentes de um
puzzle que se pretende fluído, sem pontos mortos, “intemporal” ao género do Judeu Errante.
O filme denota, como todos os outros realizados por Gilliam, bom gosto, uma boa direcção de actores (não fossem eles quase todos de primeira água), uma boa dosagem de efeitos especiais e uma bela de uma juventude de espírito, mas não isso chega para colmatar as falhas de ritmo, as repetições monótonas com sabor a falta de inspiração do momento e convidativas a uma visita de Morfeu, quiçá potenciadas pelo desaparecimento prematuro de Heath Ledger, ficará a dúvida. Venha o próximo de Gilliam.