quinta-feira, abril 29, 2010

Hipnotizado por Akhenaton (3)


E desde o cimo vertiginoso de um balão que faria inveja a Phileas Fogg e Passepartout, confundi Mesopotâmia com Deir el-Medina, chegando mesmo a mirar os pobres "náufragos" da Grande Guerra, do fabuloso «The Lost Patrol», entrincheirados nas belas ruínas do pequeno templo ptolomeico a nascente daquela que terá sido a mais velha das vilas operárias.


I don't think there's one word that can describe a mans life.



«Citizen Kane»

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quarta-feira, abril 28, 2010

Hipnotizado por Akhenaton (2)


Cheguei a duvidar de mim mesmo se aquele que ali estava estendido em Mênfis, apeado de colossal templo, se não era Karloff que ali estava, perdão, Imhotep (que o mítico Karl Freund trocou de arquitecto de Djoser para sacerdote homónimo no melhor «Múmia» que vi), jazendo defronte a mim. Olhos esfregados, não, não era, apenas sugestão provocada por licor de hibiscus.


segunda-feira, abril 26, 2010

Filmes em revista sumária # 200


É sabido que os vampiros voltaram a estar na moda (imagine-se que até na “Lusitânia” televisiva!) e por isso o realizador sul-coreano mais choque do momento, Chan-woo Park, não se poderia deixar ficar atrás da onda, sendo ele como é fã declarado do sangue pelo sangue, do fétiche e da violência tão vastas vezes extravagantes e gratuitos, mas quase sempre de efeito inebriante na plateia.

Pela quase-hipnose que as idiossincrasias orientais têm sobre nós, mas também, há que dizê-lo, pelo simplicíssimo facto de que o seu cinema tem muita qualidade. Nesse campo, «Thrist » só surpreenderá os mais incautos. Muito menos surpreenderá, por isso, o cruzamento desse cinema com a vocação religiosa, o espírito de mártir, a mutilação, etc. mas também a cobiça, o sexo, o amor, assumidos aliás desde os primeiros fotogramas. Um filme tão belo quanto intrigante e insuportável, por vezes.

There was once in Venice a moor, Othello, who for his merits is the affairs of war was held in great esteem.



«Othello»

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sexta-feira, abril 23, 2010

Hipnotizado por Akhenaton (1)



Pude rever todas as personagens do livro de Christie feito filme pelo talento (esquecido) de John Guillermin, «Morte no Nilo», comandadas por uns extraordinários Ustinov e Mia Farrow e embarcando num cruzeiro em barco de época, tal qual este Sudan atracado junto ao templo de Kom'Ombo.

O melhor Zorro, amanhã, no Palácio Foz, às 15h



Foi a única fatioca de Carnaval que cheguei a ter, e na ponta do florete o inevitável pauzinho de giz para fazer malandrices por tudo quanto era gente. Douglas Fairbanks (em baixo) que me perdoe, idem Fred Niblo, mas o melhor de todos os Diegos de La Vega foi mesmo Tyrone Power em «The Mark of Zorro», do eternamente menosprezado Ruben Mamoulian.


A fool is a man who pays twice for the same thing.


«Confidential Report»

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Filmes em revista sumária # 199



Alain Resnais é, de facto, um autor extraordinário, um realizador capaz do maior dos experimentalismos (como diz, e bem, João Lopes) sem nunca sair do registo em souplesse, poético, mesmo, mesmo que a câmara entre em movimentos considerados audazes para um realizador veterano como ele; capaz, portanto, de se reinventar a cada filme que realiza. Sentido de humor refinado, cinema sempre jovem, extraordinária direcção de actores e aquele je ne sais quoi que faz com que nunca se queira que os seus filmes terminem.

Disso é prova «Les Herbes Folles», em que à custa de homenagem declarada à aviadora Hélène Boucher (veja-se a refinada menção ao cinema americano de guerra e os consecutivos planos de Dussolier à saída do cinema, revisitando mentalmente o que acabou de visionar), as pulsões e o desejo andam à solta – “désir du désir”, Resnais dixit - , tal qual as ervas daninhas que irrompem das nesgas existentes entre as pedras da calçada. Quando for grande gostava de ser … Tudo a partir de um fait divers, neste caso o roubo de uma mala. Um filme muito bonito.

quinta-feira, abril 22, 2010

Macbeth! Be bold,bloody,and resolute; laugh to scorn the power of man; for none of woman born shall harm Macbeth.



«Macbeth»

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Filmes em revista sumária # 198


«The Crazies» será uma remake de filme de Romero mas também é de Romero, mesmo que ele só apareça como produtor executivo. Tudo quanto é Cinema do grande autor de terror está neste pesadelo vivido por aqueles que o destino não quis impregnar de vírus: personagens em mutações diversas, claustrofobia em regime de «huis clos», momentos «gore» cirurgicamente montados, visual série-B, gestão sincronizada do inesperado/sobressalto. Por vezes roça o sublime (a cena do quarto do bebé, por ex.), noutras, a previsibilidade completa (a sequência do «drive in», por exemplo).

No cômputo geral é um filme bastante bem feito, apesar de trespassado de déjà vu (afinal de contas, já há pouco que não tenha sido já filmado, ainda por cima tratando-se de um filme de terror…), suportado numa excelente montagem e numa não menos atenta fotografia, sendo que o par de personagens centrais tem química e gere as cenas a seu bel-prazer. Não se dá pelo tempo passar e isso costuma ser muito bom sinal.

segunda-feira, abril 19, 2010

Maybe I'll live so long that I'll forget her. Maybe I'll die trying.

Filmes em revista sumária # 197


O cinema de Terry Gilliam já viu muito melhores dias, é um facto (e que saudades dos tempos de «Brazil»), mas a verdade é que o único americano dos Monty Python nunca cansa de nos surpreender pela fantasia, irreverência, imaginação e féerie, que nunca cansam, mesmo que ele se acabem por auto-plagiar e que «The Imaginarium of Dr. Parnassus» acabe por sofrer dos mesmíssimos males de um «Barão Munchausen», por exemplo, que também teve a sua dose (grande) de decepção: incapacidade em explorar as potencialidades de uma história aventurosa e rocambolesca, incapacidade em gerir a fronteira entre o decorativo e o supérfluo, incapacidade em cerzir as diferentes componentes de um puzzle que se pretende fluído, sem pontos mortos, “intemporal” ao género do Judeu Errante.

O filme denota, como todos os outros realizados por Gilliam, bom gosto, uma boa direcção de actores (não fossem eles quase todos de primeira água), uma boa dosagem de efeitos especiais e uma bela de uma juventude de espírito, mas não isso chega para colmatar as falhas de ritmo, as repetições monótonas com sabor a falta de inspiração do momento e convidativas a uma visita de Morfeu, quiçá potenciadas pelo desaparecimento prematuro de Heath Ledger, ficará a dúvida. Venha o próximo de Gilliam.

quinta-feira, abril 15, 2010

I wrote the script and directed it. My name is Orson Welles. This is a Mercury Production.

quarta-feira, abril 14, 2010

Filmes em revista sumária # 196


«The Blind Side» é um daqueles filmes filmes que nunca enganam o espectador minimamente informado: trata de uma história verídica com final feliz, mas em que por vezes a sua passagem pela câmara de filmar transparece uma imensa dose de clichés, torrente de lágrimas, etc., tendo por pano de fundo uma realidade efectiva, a de que na sociedade americana é-se simplesmente capaz de tudo e tudo é possível.

Tem ainda a curiosidade acrescida, feita prova de feira, furando-se o cartão até se encontrar a razão, a explicação lógica para o facto de ter sido dado o Óscar a Sandra Bullock. Terá sido por estar loura e santanete?

segunda-feira, abril 12, 2010

Enquanto isso, os sotterranei di Roma acenam-me com...

Uma visita ao que há por debaixo de S. Pasquale Baylon. A visita é dia 17. Fica a sinopse para os sortudos que lá possam ir:

«Agli inizi del 2000 l'Istituto Sedes Sapientiae (Collegio Ecclesiastico Internazionale) si trasferì nel settecentesco Conservatorio di San Pasquale Baylon, ubicato nel rione di Trastevere.
Durante i lavori di restauro, venne rinvenuta un’area archeologica di grande interesse, che permise di compiere un percorso attraverso il tempo lungo un'antica strada: insulae poi trasformate in una ricca domus, affreschi e mosaici di epoca imperiale, la trasformazione medioevale e la costruzione delle calcare che probabilmente servirono al cantiere della vicina basilica di Santa Cecilia, rendono questo luogo particolarmente interessante e pieno di fascino, permettendo la lettura delle trasformazioni nel tempo di quest'area.
Contributo visita: 13.00 € (tariffa Soci)
Partecipanti minimo: 10 - Max: 25
Posti disponibili ai Soci: 25
Durata: 1,30 h
Appuntamento: Via Anicia, angolo via dei Genovesi - Ore: 16:00
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Vem aí mais um Indie

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