quinta-feira, março 31, 2011

«Milho Vermelho»


Um filme sublime, abundante de vermelho, mais do que de encarnado. No milho, no vinho, no calor, no sol, nas indumentárias, na carne, no sangue. Yimou em grande forma. Gong Li omnipresente. Revisão feita ontem, no ARTE.

Filmes em revista sumária # 260


«Potiche» é o bom regresso de Ozon ao filme ligeiro e bem disposto, tão inteligente quanto aparentemente oco, em jeito de crítica corrosiva aos anos 70 e à demora na emancipação da mulher do patrão, que por acaso até casou com … a filha do patrão. E, depois, temos três actores qual deles o com melhor performance: Deneuve (menos insuflada do que em outras ocasiões recentes, ainda bem!), Depardieu (um prodígio de representação sempre que há grandes planos entre ele e a Deneuve), e, claro, o sempre impagável Fabrice Luchini.

Diálogos superlativos e uma “mise-en-scène” perfeita (“comme d’habitude”) fazem deste último de Ozon um excelente entretenimento, sem ter que se aturar lições de moral e outras estopadas como a do seu último filme até aqui ... e que sempre vai deixando o espectador com aquela ideia: "onde é que eu já vi isto na vida real?".

quarta-feira, março 30, 2011

Filmes em revista sumária # 259


Não obstante a excelência dos actores (e que gozo foi poder rever o extraordinário Terence Stamp!) e dos recursos técnicos sem dúvida disponíveis, «The Adjustment Bureau» peca não só por uma constância de déjà vu ao longo do filme, como por um crescendo desinteresse à medida que as situações se tornam repetitivas, mau grado a excelência habitual da mensagem central dos enredos desenvolvidos a partir do génio de Phillip Dick. Aliás, nesse capítulo nada é fruto do acaso … mesmo que o destino traçado para este filme seja o de um compreensível secundo plano, por excesso de auto-repetição. O enredo é bom mas é curto, e o filme, mesmo com a ajuda de um chapéu de um dos agentes, não pode viver eternamente do abrir e fechar portas entre dimensões, sejam elas quais forem, ou do jeito B.D. em que é farto. E tão bom que seria se todos nós tivéssemos uns agentes de “ajustamento”, algures.

Obituário: Farley Granger (1925-2011)


Apesar de ser um actor mediano e com pouco carisma, a verdade é que viria a participar em vários filmes celebérrimos, a começar por «Senso», protagonizado a 3/4 pela Valli, e «Strangers on a Train», este último protagonizado a meias com o seu grande amigo, e excelente actor, o malogrado Robert Walker. E lá se vão todos, aos poucos...

segunda-feira, março 28, 2011

Cruzei-me com «O Homem Tranquilo»


There'll be no locks or bolts between us, Mary Kate... except those in your own mercenary little heart!

sábado, março 26, 2011

Filmes em revista sumária # 258


Quem assista a «Somewhere» sem nunca ter visto nenhum dos seus filmes anteriores, pensará que Sofia Coppola é uma realizadora fútil e pseudo-intelectual, hiper-valorizada por ser filha de quem é, e de quem se passou a dizer bem por parecer … bem. E isso é a maior injustiça que se pode fazer ao fenómeno Sofia. É verdade que se este filme fosse assinado por outrem até passaria por interessante, mas tal como as coisas são, ele é um soporífero que apenas tem um ou dois momentos de bom gosto, de génio (porque não dizê-lo?): a onírica cena na piscina, por exemplo. Do resto ficam o ronco e os “ratés” da Ferrari, a banda sonora e a interpretação da jovem Elle Fanning. Podia saber a mais. Sofia: Next.

Filmes em revista sumária # 257


«Winter’s Bone» pode ter tido muitos prémios no Festival de Sundance mas não deixa de ser um filme em registo "cliché" de ladainha monocórdica da famigerada ruralidade americana, em que cada um é mais bronco do que cada qual (nesse particular vão todos beber a «Deliverance»); regra geral balelas para europeu consumir. É verdade que há uma certa tensão aparentada de intriga policial, que promete, sem nunca chegar a cumprir, um determinado clímax, e é verdade que a interpretação de Jennifer Lawrence é rija e blindada; mas isso não chega para fazer deste filme de Debra Garnik uma obra incontornável, muito menos revolucionária.

sexta-feira, março 25, 2011

Murder is only killing without a license.


Mecânico só há um, o de Charles Bronson e mais nenhum.

Filmes em revista sumária # 256


Embora longe de obras-primas como «Raging Bull» ou «Somebody Up There Likes Me», só para falar em dois filmes-marco girando à volta de “boxeurs”, a verdade é que «The Fighter» é um belo de um filme, tão parecido com como quanto melhor do que «Rocky». Mais do que as sequências passadas no ringue ou do que a violência de cada sopapo, o filme vale pela dimensão humana que emana, dramática e pungente (baseada em factos verídicos, como é cada vez mais da praxe), para o que contribuem de forma decisiva duas interpretações de arromba e nada secundárias, designadamente as de Christian Bale e Melissa Leo, merecidamente oscarizados. Um regresso em alta do realizador David O. Russell!

quarta-feira, março 23, 2011

Obituário: Elisabeth Taylor (1932-2011)


Palavras, para quê?

Para quando em Lisboa?


Vernissage Kubrick, na Cinemateca Francesa.

terça-feira, março 22, 2011

Obituário: Artur Agostinho (1920-2011)


O café Luanda. A Avenida de Roma. A RTP. O cinema português. O Sporting. Deixa saudades em todos eles e cá em casa também, muitas.

segunda-feira, março 21, 2011

Filmes em revista sumária # 255


O problema de «127 Horas» é mesmo só um: já se sabe como acaba. Por isso, é uma questão de tempo até que tudo se desenrole conforme o previsto, e de ir vendo até que ponto Danny Boyle e o actor James Franco conseguem saber manter o interesse do lado de cá. E aí, fica-se a meio, já que apenas a espaços realizador (aliado a uma montagem sem mácula e uma fotografia esplendorosa) e actor conseguem manter a chama acesa. Realce para a sequência da auto-mutilação, tão boa quanto impossível de digerir…

sábado, março 19, 2011

Esta madrugada

sexta-feira, março 18, 2011

De mãos a abanar (2)


Caminhando por um ziguezagueante artéria da cidade, entre buzinas de moto e campaínhas de bica, dou com a porta fechada no único cinema ao ar livre da zona. Estava na esperança de voltar a entrar no Éden. Novo barrete. Paciência e au revoir.

De mãos a abanar (1)


Barrado que fui à entrada do mítico La Mamounia, por me encontrar vergonhosamente calçado de ténis, não consegui descortinar nem Welles nem Rita no meio daquele oásis de bom gosto para lá do hall de entrada. O dia seguinte foi de partida. Domage.

quarta-feira, março 09, 2011

De amanhã até 4ª


Estarei sob as ordens de Duvivier e na pele de Gabin. Apenas com uma correcção: será numa cidade vermelha do vizinho do lado e não em Argel.

terça-feira, março 08, 2011

Remember, you will only have time for just one shot. If you need another, the risk is yours.



E na Pç. Jemaa El Fna tentarei ser James Stewart e estar atento ao que hão-de me transmitir, tal qual em «The Man Who Knew Too Much» (1956).

segunda-feira, março 07, 2011

E se der tempo ...


Procurarei «Otelo» em Essaouira

Na rota de ... Welles e Rita


Talvez começando pelo hall do Mamounia

quarta-feira, março 02, 2011

Obituário: Annie Girardot (1931-2011)


É pena que a RTP (porque serviço público) não lhe dedique uma semana inteira de horário nobre. Girardot é uma personagem incontornável do cinema francês e europeu; ou melhor, é toda ela "o" cinema francês. Era uma autêntica força da natureza, emprestando um toque de panache a tudo quanto se metia. O seu desaparecimento só pode revoltar ainda mais pelo modo como foi. Morreu também anteontem.

Obituário: Jane Russell (1921-2011)


O zoom sobre uma Jane Russell deitada em cima da palha, em «The Outlaw», imagino que por (compreensível) ordem de um Hughes deslumbrado com a visão, é talvez o zoom mais sexy da história da 7ª Arte. Foi também uma actriz cheia de garra, boa disposição e ... morena. A imagem vale mil palavras. Morreu anteontem.