Filme claramente dividido em duas partes, este «
A Invenção de Hugo», com a primeira algo sensaborona, não fora a câmara de Scorsese, “a abrir”, logo no primeiro plano-sequência. A historieta do rapazinho
Hugo é algo desinteressante até que tudo é virado de pernas para o ar com a entrada em cena de M. Méliès. A partir daí foi “pele de galinha” e algumas lágrimas por um tempo e Cinema que não voltam mais, por mais que homenageiem. Scorsese usa a côr, os cenários e a câmara num
mix perfeito, a um ritmo frenético de adolescente e, graças a um uso apurado das 3-D (quase sempre dispensável) faz o espectador mergulhar, literalmente, num daqueles fabulosos aquários de adereço dos filmes do visionário
artiste.
Cinema em estado feérico e magia pura.
Marty continua uma caixinha de surpresas. O
robot a piscar o olho a Lang; as cenas com as filmagens de Méliès e, claro, aquela colagem de momentos inolvidáveis do Mudo, ficam na retina para todo o sempre.
NB: Curiosa, esta a dupla homenagem ao Mudo, com os franceses a homenagearem Hollywood e os
United Artists (Fairbanks à cabeça) com «The Artist», e o mais cinéfilo dos cineastas vivos a homenagear os mudos franceses, com Méliès à cabeça. Quantos Óscares arrecadaram os dois?