sábado, janeiro 28, 2017
quarta-feira, janeiro 25, 2017
Filmes em revista sumária #552
“La La Land” é um regresso pela porta grande ao sempre teremos Paris de “Casablanca”, revisita com evidente amor tudo quanto é memória cinéfila de espectador que se preze (não é preciso recorrer a centrum), fazendo-o sempre com bom gosto e continuada imaginação, tanto nos números musicais como nos cenários, como só Demy sabia fazer, até ao dia em que Coppola realizou uma obra-prima chamada “One from the heart”.
Há sequências admiráveis, como a da abertura, antes mesmo do título do filme; ou a da ida nocturna ao planetário e a da onírica história de vida a dois que podia ter sido e não foi, porque os sonhos de menino de um e de outro se sobrepuseram a tudo o resto, mas são-no quase todas, porque é raro o momento em que o filme nos larga, tempos mortos não tem e tem panache para dar e levar.
Emma Stone e Ryan Gosling fazem chispa desde a cena da buzina e do “dedo” até à despedida à Ilsa & Rick, e a primeira pode já começar a limpar o pó à vitrine lá de casa porque não só o Óscar não deve fugir-lhe como outros se lhe seguirão: está fantástica, e faço mea culpa porque não a suportei no penúltimo de Woody Allen. Damien Chazelle, esse, prometeu mundos e fundos com o poderoso “Whiplash” e começou já a cumprir a promessa com esta sua segunda realização.
Quanto aos inevitáveis botas-de-elástico detractores do filme, lá está, aplica-se-lhes a velha máxima do samba (sem tapas) de João Gilberto: “quem não gosta de samba, bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé”.