quinta-feira, junho 14, 2018

Filmes em revista telegráfica #3


As guardiãs do filme homónimo de Xavier Beauvois são o “homem da casa” das aldeias e dos campos de cultivo, mas também dos animais e dos tractores e debulhadoras que ficaram sem a força braçal das suas caras-metades, filhos e netos, dos seus próximos que partiram para a frente na Grande Guerra – em grande. «As Guardiãs» é um filme belissimamente fotografado (Caroline Champetier é a guardiã das imagens), de tal modo que parece que estamos a ver sucessivos quadros de Brueghel, Van Gogh, Renoir e por aí fora (são absolutamente soberbos o travelling na cena da ceifa ou os planos na casa da mãe e filha Monette, ou aqueloutro em que Francine repele o americano, por exemplo), ao que os cenários idílicos (a agreste e bela Aquitânia) também ajudam, é um facto. Nathalie Bayé (já esticada) faz, como pode, de Scarlett O’Hara rural, mas é metida no bolso pela até agora desconhecida Iris Bry (Francine) – a nova Scarlett (J.) do cinema francês? E é tão bom ouvir que Legrand está vivo e recomenda-se.

quinta-feira, junho 07, 2018

Filmes em revista telegráfica #2


Chato, chato é quando num filme não se percebe se o herói morreu ou não morreu, sobretudo quanto está fora de questão um 2º visionamento do dito. É o que acontece com «Submergence». Pior do que o filme ser repetitivo e sensaborão, é ter um problema básico de argumento: por que raio foi James McAvoy meter-se com os terroristas na Somália? Arre! À parte isso é um filme com boas vistas e boa música, com Wenders a tentar reinventar no presente os seus diálogos filosóficos dos idos de 80-90. Só que Wim Wenders não era, ou foi, só isto.