As guardiãs do filme homónimo de Xavier Beauvois são o “homem da casa” das aldeias e dos campos de cultivo, mas também dos animais e dos tractores e debulhadoras que ficaram sem a força braçal das suas caras-metades, filhos e netos, dos seus próximos que partiram para a frente na Grande Guerra – em grande. «As Guardiãs» é um filme belissimamente fotografado (Caroline Champetier é a guardiã das imagens), de tal modo que parece que estamos a ver sucessivos quadros de Brueghel, Van Gogh, Renoir e por aí fora (são absolutamente soberbos o
travelling na cena da ceifa ou os planos na casa da mãe e filha
Monette, ou aqueloutro em que Francine repele o americano, por exemplo), ao que os cenários idílicos (a agreste e bela Aquitânia) também ajudam, é um facto. Nathalie Bayé (já esticada) faz, como pode, de
Scarlett O’Hara rural, mas é metida no bolso pela até agora desconhecida Iris Bry (
Francine) – a nova Scarlett (J.) do cinema francês? E é tão bom ouvir que Legrand está vivo e recomenda-se.