«
Elegia» tem tudo para dar certo – um bom argumento (não só Nicholas Meyer é um argumentista de créditos firmados, como a obra que lhe serve de base é um livro de Philip Roth), bons actores, fotografia irrepreensível, música belíssima (um bom piano é quase sempre meio-filme), temas candentes (beleza, posse sexual, cancro da mama, “velho por fora”) etc. – mas não dá para poema filmado. Muito menos será um filme de culto. Porquê?
Talvez porque os temas que aborda, sob a forma de ensaios, sejam … demasiados. Talvez por inépcia da catalã que o realizou (Isabel Coixet), deslumbrada com tanto “ingrediente”. Talvez porque tenha apostado demasiado na “eleita” Pé como musa
Maya, e apesar da espanhola conseguir uma clara boa interpretação (e sou insuspeito),
malgré aquele hediondo sotaque. Talvez porque Ben Kingsley se revele um
miscast em termos romântico-sexuais: o homem não dá para aquilo, é pouco flexível, e nunca existe química” entre ambos, cheirando muitas vezes a falso … facto que se comprova na primeira (e descompensada) parte do filme onde as melhores cenas são as dos “velhos marretas” Kingsley e Hopper, e as melhores deixas as frases que nos são ditas em
off, pela consciência do
Prof. Kepesh.