segunda-feira, abril 29, 2013
quarta-feira, abril 24, 2013
Filmes em revista sumária #398
«Dean Man Down» começa por repescar claramente a memorável e maquiavélica combinação feita a bordo de «Strangers on the Train» por Robert Walker e Farley Granger, para depois encarreirar no trilho de uma intrincadíssima vingança (com justa causa, como sempre acontece nestes casos…), que mete máfias albanesas, respeitáveis húngaros, uma francesa a modos que só Huppert a representaria e um par de protagonistas que faz faísca do princípio ao fim: Colin Farrell e Noomi Rapace. O filme nunca cansa e vai havendo acção e surpresas, umas atrás das outras. Visualmente falando, o filme está bem conseguido (estão muito bem apanhadas as cenas de janela/varanda para janela/varanda) e é uma agradável surpresa no panorama recente dos filmes norte-americanos do género, não fora um simples facto: o seu realizador chama-se Niels Arden Oplev e realizou «The Girl with the Dragon Tattoo», está tudo dito. Venham mais!
sexta-feira, abril 19, 2013
quarta-feira, abril 17, 2013
Filmes em revista sumária #397
Havia a obra-prima no Mudo, por Murnau; fica agora a referência para o cinema sonoro: «Fausto», por Sokurov (aliás, não podia ser por mais ninguém…). Pese embora uma sonoplastia demasiado ruidosa que se faz sentir nas cenas de exteriores, por culpa da dobragem, suponho. Pese embora uma adaptação talvez demasiado livre do texto de Goethe (mais Mann, a saga pela alma, via genitais?), que troca as voltas ao que se leu há tempo demasiado e exila o nosso imaginário pré-concebido. Pese embora alguns engulhos narrativos em que o filme se deixa cair, talvez por excesso estilístico do realizador (os momentos com a lente enviesada, por ex., aquando da entrada de Fausto na ‘loja’ do diabo), mas que logo ficam para trás mal a prodigiosa câmara de Sokurov volta a decidir ‘tratar do assunto’ e seguir em frente. Pese embora isso, o filme é poesia pura; sente-se, cheira-se e saboreia-se. Tem momentos espantosos, de um deslumbramento visual e estético a toda a prova, a começar pelo da sequência onírica inicial (homenagem a Murnau, claramente), ou aquela pictórica passada com as mulheres lavadeiras, ou a da sedução de Margarida, por Fausto (ai aqueles grandes-planos!). Momento sublime, o do ‘mergulho’ dos amantes. E que o Inferno seja um imenso fiorde gelado, sim... E Que Viva Sokurov!
terça-feira, abril 16, 2013
Filmes em revista sumária #396
Num filme sóbrio, de boa cêpa americana e rodado à boa maneira dos thrillers dos idos de 70, Redford mostra-se em «The Company You Keep» em boa forma e demonstra que está aí para as curvas, seja como actor, realizador, produtor, organizador de festivais, figura pública e homem de causas. Além disso conseguiu reunir um elenco de luxo e retirar dele o máximo. A intriga não precisa de ser rebuscada para absorver o espectador do princípio ao fim, basta-lhe um baú de memórias (o Vietname, o jornalismo de investigação, etc.), firmeza e um toque de bom gosto. O bom Cinema é assim e as boas companhias também.
quinta-feira, abril 11, 2013
Filmes em revista sumária #395
Um dramalhão dos sete costados, este «Profundo Mar Azul» - e um título piroso assim afugenta muita gente... –; filme que marca o regresso do nada prolixo (o que é péssimo) mas profundamente nostálgico e contemplativo (óptimo) Terence Davies. Podia ser teatro mas é filme e muito bom. Trata, com irrepreensível bom gosto e sentido apurado da «mise en scène», de um triângulo amoroso, de ‘catetos‘ sob paixão assolapada um pelo outro (e final previsível) e de uma ‘hipotenusa’ em que o amor-carinho-segurança-do-lar acaba por vingar. Davies e o seu trio de actores, liderado pela deslumbrante Rachel Weisz, conseguem momentos assombrosos, como aquele da cena de amor logo ao início do filme (em que em plano picado e ao som de partitura de Barber, vamos tendo diferentes visões, rodando e voltando a rodar, de coxas nuas e tecidos de padrão exótico) e aqueloutros entre diálogos de marido e mulher (e que diálogos!), ou aqueloutras só possíveis num filme britânico, como a do chá com a sogra ou a do convívio no pub. Respira-se por todo o lado a Velha Albion e a fleuma britânicas, neste drama de ‘caixão à cova’. Conclusão: já não se fazem destes filmes, e é pena!