César morreu há 2.051 anos, precisamente, e o funeral terá sido hoje. Mas, ao contrário do que Mankiewitz nos fez crer no seu filme a partir de Shakespeare, Suetónio garante que António não teceu elogio fúnebre a César, e que se «
Mandou entaipar a sala do senado onde o tinham assassinado. Chamaram aos idos de março «dias parricidads«, e foi prohibido que o senado tornasse a reunir n'esse dia».
Ainda nesta
obra notável, há coisas notáveis a reter sobre César, muito antes do crime:
«N'uma d'estas cerimonias, como passava ao pé do monte Avantino, foi quase derrubado do seu carro, cujo eixo se quebrou. Subiu ao Capitolio ao clarão dos fachos que traziam em candelabros 40 elefantes enfileirados à direita e à esquerda. Quando triumphou de Pharnace, lia-se no quadro de sua vitoria estas palavras: «cheguei, vi e venci», que só exprimiam a promptidão da sua empresa, em ves de descreverem os detalhes, como os vitoriosos costumavam fazer».
E muito antes, muito antes:
«Sendo questor, Cesar teve o departamento da Hespanha ulterior, e, encarregado pelo pretor de ir assistir às assembleias dos negociantes romanos estabelecidos nesta provincia, chegou até Cadiz. Foi ali que, tendo descoberto n'um templo de Hercules a estatua de Alexandre, chorou, segundo se diz, censurando-se, muito envergonhado, por não ter feito ainda nada memorial n'uma edade em que o heroe da Macedonia havia já subjugado uma parte do universo».
Maus presságios antes das 22 facadas que o mataram, César teve-os muitos, sendo este o mais alegórico:
«Pelo mesmo tempo soube-se que os cavalos que Cesar tinha consagrado no dia da passagem do Rubincon, e que dexara pastando em liberdade, se abstinham de todo o alimento e choravam abundantemente.»