segunda-feira, agosto 31, 2009

Let me tell you... don't you look at those illustrations too long, because they'll come alive and they'll tell you stories.



Não era Rod Steiger, muito menos Claire Bloom, que ali estava defronte a mim, sentado naquele banco da carruagem do metro, mas uma imensa mulher, coberta de tatuagens coloridas, um mapa-mundi de mau gosto. Que diria dela Bradbury?

Filmes em revista sumária # 165


«Go Go Tales», ou a outra face de «Cotton Club», se se quiser, e mais uma história da noite, universo por demais filmado por Abel Ferrara, de forma quase obsessiva. Desta vez são os bastidores de um cabaré assumidamente decadente, quase lynchiano, impregnado de atmosfera 30’s. Cada personagem é mais bizarra, mais freak, do que a outra, mas o que interessa mesmo à personagem central é a vontade de ganhar a lotaria, não para fugir para uma ilha paradisíaca mas para reinventar a sua própria existência, no caso, mais do mesmo. A personagem de Dafoe (essa força da natureza!) é o gerente do espaço, pai de todos, num imenso circo de sombras, filtros e música melosa.

Filmes em revista sumária # 164


O cinema francês no seu melhor, embora o filme seja um pouco comprido, a história a certo ponto deixe de ter interesse, e as personagens se atrapalharem umas às outras. O que vale é que esse hiato é curto, e para o fim Desplechin volta a agarrar sentimentalmente o espectador, não o deixando fugir deste intensíssimo dramático intra-familiar que, além do mais, nos permite ver e ouvir actores em estado de graça, a começar pelo patriarca Jean-Paul Roussillon, e, claro, Mathieu Amalric, esse prodígio de permanente alucinação. Um «Conto de Natal» mais longe de Dickens do que de Buñuel ou de Allen, mas sem o bom gosto de Resnais.

sábado, agosto 29, 2009


Ana Magnani

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quinta-feira, agosto 27, 2009

Descubra as diferenças




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Não se brinca com coisas sérias


Tanto se me dá que tenham trocado a bandeira nos Paços do Concelho e depois na Cidadela de Cascais, tenham cantado o hino da Maria da Fonte, ou se tenham juntado e jantado qual saco de gatos. O que me põe os cabelos em pé e pronto a arreganhar a tacha é que tenham usado e abusado de um dos meus ícones de sempre: Darth Vader.

segunda-feira, agosto 24, 2009

Comporta-(te)


A notícia caiu de rompante nas casas dos portugueses. É esperado forte efeito-alavancagem, sobretudo na especulação imobiliária do nosso jet set (espero eu sem C7), na tentativa de acompanhar a esquisita moda. Comportem-se.

He was an obscenity on the face of the earth. The stench of burning flesh was in his clothes



Ontem, vi com os meus olhos Welles fugindo, tropeçando na terra e eliminando provas, não nos esgotos de Viena mas numa cave bem na Baixa. Um filme notável, muitas vezes esquecido por entre o rol de obras-primas do gigante genial.

sexta-feira, agosto 21, 2009

Filmes em revista sumária # 163



Quem comprar bilhete para o «Transiberiano» e lhe suba a bordo, que não pense nas viagens turísticas tão do agrado ultimamente de concursos televisivos por essa Europa afora, nem em thrillers aterradores, porque o que vai levar por diante da longa viagem entre Vladivostok e Moscovo, mal os protagonistas saem de Pequim, é uma previsível manipulação, cheia de clichés, típica das co-produções, de cujo padrão mediano esta (britânica/alemã/espanhola/lituana) nunca chega a fugir. Desaproveitado está Ben Kingsley, como também o estão o fascinante e agreste enquadramento cénico siberiano (por sinal, lituano; aliás, as poucas sequências interessantes devem-lhe quase tudo), e o filão que é a KGB. Boa, boa, é a tensão e alegoria dramática-sexual, latente em 80% do filme, e de que o comboio é “apenas” o veículo por excelência.Pena é que desemboque no previsível.

quinta-feira, agosto 20, 2009

À la recherche du temps perdu (7)



Jacobs avisara: algo de terrível, tenebroso, se passava nas profundezas do Château de Roche-Guyon. Rommel terá dado o mote ao autor de Blake et Mortimer? Talvez, não sei.

O que sei é que mais do que o emaranhado de túneis, casas-mata e armadilhas letais que a “Raposa do Deserto” deixou dentro da escarpa que vigia o belo castelo de La Rochefoucauld, e por onde tive que me esgueirar, avisado que estava pelo autor belga, o mais terrível que se me deparou, sob a voz off da maquiavélica personagem do Dr. Miloch, foi a cadeira da viagem no tempo, verdadeira tortura feita à velocidade da luz.



terça-feira, agosto 18, 2009

À la recherche du temps perdu (6)





Junto à belíssima praia de Deauville, defronte ao inacessível hotel de Lucien Barrière, os balneários da cinefilia, por onde passaram e passam nomes e maillots de bain a condizer. Logo à entrada uma placa transporta-nos para o filme imortal de Lelouch.

Mais à frente, na linha da praia, antes mesmo dos coloridos guarda-sóis mais famosos do Velho Continente, estrelas alinhadas saíam das suas cabines, encadeadas pelo sol dos flashes. De todos, coincidência ou não, Farrah e Ryan sobressaíam por estarem lado a lado, para sempre.



À la recherche du temps perdu (5)





Ainda em Deauville, mais propriamente no florido hipódromo de Clairefontaine, tropeço em Harpo e Groucho, e não resisto a comprar um gelado saído do génio dos Marx Bros. Fazem-se apostas e há personagens do burlesco, umas, e profissionais da coisa, outras, mas ninguém chega a fazer um "roubo" como Sterling Hayden fez ao serviço de mestre Kubrick.

Na linha de meta ganhou o cavalo propriedade de Aga Khan, claro, montado por jockey solene. Não deve ter havido muitos ganhos entre os apostadores, pois estava escrito que assim seria, e até os jornais do dia assim o predestivam. Predestinados.




Filmes em revista sumária # 162



Semi-decepção, este último produto da Pixar depois de ter sido engolida pela Disney. «Up» tem uma história engraçada, meia-“charge” às dementes aventuras em busca pelo Mundo Perdido, hipnótico fascínio de meio-mundo em finais de XIX, princípios de XX (vide Conan Doyle); que, todavia, nunca passa da bitola da mediocridade, muito menos chega aos calcanhares dos belos filmes da Pixar de outros tempos (não muito distantes).

Pelo meio há lugar a alguns bonecos bem conseguidos (a começar pelo redondinho Russell e pelo passarão Kevin), mas o filme, ao contrário da casa do protagonista, nunca chega a levantar vôo para lado nenhum. Culpa não do vedetismo tecnológico, em low profile assumido, mas da incapacidade desta equipa de Lasseter em envolver o espectador. O melhor, mesmo, é o desenrolar voraz, assustadoramente verosímil, da vida em comum do casal de aventureiros, que em 2-3 minutos nos resume uma vida.

À la recherche du temps perdu (4)




No Clos Lupin, não vi rastro de Brially, nem de Romain Douris, mas o que eu queria ver era «The Profile», Barrymore. Missão cumprida, pois réplica de poster gigante do mais famoso dos filmes sobre Arsène Lupin, decorava aquele corredor do Dormy, onde o alabastro das falésias se confunde com a bruma.



segunda-feira, agosto 17, 2009

Filmes em revista sumária # 161


A violência na Irlanda do Norte, e o ajuste de contas por fazer, entre os traumas de quem fez e de quem podia ter evitado que assim se fizesse, ou seja, entre o peso na consciência de quem matou a sangue-frio, apenas porque “sim”, e de quem nunca se livrou da “culpa” de, na altura própria, não tido coragem para o impedir. A oportunidade surge para ambos, via talk show. Um bom ensaio sobre a culpa, e sobre os prisioneiros dessa mesma culpa, e sobre a redundância do princípio la vendetta è un piatto che si mangia freddo.

Enquanto peça cinematográfica, Hirschbiegel já fez bem melhor, ainda que «Cinco Minutos de Paz» tenha momentos de contenção dramática, muito por força dos desempenhos dos dois actores principais, que dão corpo às duas principais personagens, marcadas pela morte, respectivamente Liam Neeson e James Nesbitt.

O cúmulo da cinefilia, ou será do efeito estufa?


A notícia custava a crer pelo que fui ver à fonte, que me remeteu para Spend eternity directly above Marilyn Monroe. Marilyn, o eterno filão.

sexta-feira, agosto 14, 2009

Filmes em revista sumária # 160



Ao másculo, seco e brutal «Dillinger», do subestimado (e olvidado) John Millius e com um peckinpahiano Warren Oates a protagonizar o famoso assaltante de bancos, e filme incontornável do universo respectivo, contrapõe-se agora esta nova versão romântica (Marion Cotillard é mesmo fotogénica), protagonizada por um Depp em estado de graça e baptizada «Inimigos Públicos», do mago visual Michael Mann, que aqui leva a cabo mais um dos seus festivais de bom gosto, planos profusamente imaginativos, ritmo alucinante, efeitos sonoros portentosos e uma banda sonora à la Miami Vice.

Com tempo ainda para umas efabulações em torno do agente Purvis e do homem mais poderoso do seu tempo, E.G.Hoover. Tudo “regado a digital”. Enquanto abordagem ao vilão-mito, o filme de Millius é insubstituível. Enquanto manjar para os olhos, Mann é imbatível, pois só as sequências da perseguição a “Pretty Boy” Floyd por entre as árvores (a lembrar os pomares de «Chinatown») e a do cerco e a execução a “Baby Face” Nelson (superior à de «Bonnie & Clyde», por ex.) merecem inteiramente o preço do bilhete. O melhor mesmo é a iluminação e a encenação do filme que nos fazem crer estarmos perante uma reportagem sobre os seus bastidores.

quinta-feira, agosto 13, 2009


Myrna Loy

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Filmes em revista sumária # 159



James Gray é realmente um bom realizador. Pega numa história simples, pega no seu actor-fétiche (Joaquim Phoenix) e dá-nos um melodramático de primeira água, mal remetido para a prateleira por quem de direito. Uma história de amor sofrido, este «Two Lovers», feito de “bipolaridades” várias, com uma câmara imbuída de bom gosto por todo o lado, com representações de primeiro quilate, com Phoenix à cabeça, claro, e uma Paltrow divina. As cenas no telhado do prédio são momentos inolvidáveis. Um filme que faz lembrar Truffaut.

quarta-feira, agosto 12, 2009

Foi há 70 anos. Por favor, mais 70!