Esqueçam tudo quanto viram, leram ou ouviram sobre
Robin Hood. Ridley Scott mandou às urtigas os
collants verdes à moda do condado de Lincoln, os duelos galantes de espadachins e até o episódio, clássico da banda desenhada, do encontro entre o herói de serviço e
Frei Tuck, no cimo do tronco sobre o riacho e que o cinema imortalizou. O autor de «Blade Runner» continua perdido no seu cinema musculado à
blockbuster e fez da lenda mais conhecida da floresta de Nottingham um «
Robin Hood» boçal e brutal, gladiador.
Enquanto filme histórico está pejado de erros e omissões. Enquanto repositório da lenda de
Robin e/ou da “memória descritiva” das narrativas do medievo até ao século XX (poemas, romances de capa e espada, banda desenhada e filmes) faz uma tal salganhada para ser “original”, que nem vale a pena falar. Enquanto filme de acção até se vê bastante bem, em especial as sequências da batalha aquando do suposto desembarque dos franceses, e da tomada do castelo em que um balofo Ricardo Coração-de-Leão morre com uma seta no pescoço (duplo erro histórico).
O melhor do filme é mesmo a “morena” Cate Blanchett (sempre!) e o genérico final, imprescindível. Quanto a
Robin Hood, Little John, etc., esses, cinematograficamente falando, só se encontram numa de duas hipóteses: no mudo, no filme com Fairbanks; no sonoro, no filme com Errol Flynn, o resto é nada.