quinta-feira, fevereiro 26, 2015

"New York, New York" (1977), revisão em alta:


Do I look like a gentleman to you in this shirt and these pants?

terça-feira, fevereiro 24, 2015

Filmes em revista sumária #491


Desiluda-se quem for ver «Olhos Grandes» na expectativa de se banquetear com mais um dos episódios fantasistas, frenéticos e quase sempre geniais, que caracterizam a filmografia de Tim Burton.

Nada disso. Desta vez, o autor de «Eduardo Mãos de Tesoura» resolveu filmar em modo banal e registo, de quase telefilme, a inacreditável história de vida de Margaret Keane (nascida Peggy Doris Hawkins), cujas pinturas de meninos com olhos impressionantemente tristes fizeram furor na América e no mundo em finais dos anos 50 (terá chegado cá alguma sequer em “poster”?), mas que durante muito tempo foram inacreditavelmente açambarcadas pelo marido dela, Walter, como sendo da sua própria autoria, imagine-se, enganando mundos e fundos (os famosos de Hollywood, sobretudo, caíam que nem tordos).

Em entrevista televisiva recente, Burton, admitiu que tinha vontade de filmar esta história rocambolesca há muito tempo, desde que sentiu fascínio por aqueles rostos de olhos bizarros e desproporcionados, que o olhavam dependurados da parede lá de casa, durante a sua infância, sob a forma de reproduções que a mãe ia comprando.

Seja como for, há alguma magia de Burton em «Olhos Grandes», sobretudo nas cores berrantes do “technicolor” (na lua-de-mel do casal Keane, na sua mansão modernista, no refúgio da pintora no Hawai, etc.), nalguma carga burlesca, aqui e ali, mas sobretudo na sequência do supermercado, com os olhos grandes “beatnic” a tomarem conta dos empregados e dos clientes que se vão cruzando com uma Margaret Keane completamente desconexa, aí sim temos Burton!

Contudo, a verdade é que o filme podia ter sido feito por “mil” outros realizadores, e esse é o seu principal senão. No resto, Christoph Waltz roça o cabotinismo e Amy Adams cumpre sem dificuldade e a mais não terá sido obrigada. Palmas para o sempre jovem Stamp, que mete no bolso todas as cenas em que entra. Danny Elfman anda por lá mas quase nem se dá conta.


In O Diabo (24.2.2015)

"Key Largo" (1948), revisão em alta(íssima):

When your head says one thing and your whole life says another, your head always loses.

quinta-feira, fevereiro 19, 2015

Saudades de Lee Marvin


Um dos actores com quem mais empatizo. Saudades da tv de «Pointblank», «The Killers», «The Man Who Shot Liberty Valance», «Dirty Dozen», «The Professionals», «Hell in the Pacific», «Monte Walsh», «Prime Cut», «The Spikes Gang» e das estreias de «The Klansman», «Avalanche Express», «The Big Red One», «Death Hunt», «Gorky Park» ou «Canicule». Por sinal, podiam editar em dvd a série tv «M Squad». Faz sempre falta, Marvin.

terça-feira, fevereiro 17, 2015

"The Nutty Professor" (1963), revisão em baixa:


Dr. Hamius R. Warfield: Now try to understand that I understand, that scientists and creators have their little eccentricities. Einstein hated hair cuts, Da Vinci love to paint, and Newton...
Professor Julius Kelp: He had something to do with figs, didn't he?

Filmes em revista sumária #490

«Vício Intrínseco» marca o regresso de Paul Thomas Anderson às comédias mais ou menos psicadélicas a que nos habituara (bem? mal?) durante a década de 90, de que os seríssimos e profundos «Haverá Sangue» (2007) e «O Mentor» (2012) terão servido de reticências, sob a forma de dois grandes apainelados sobre a natureza da América; sublime, o primeiro, o segundo, já nem por isso.

Desta vez, PTA (que ainda é novinho) foi beber inspiração ao escritor Thomas Pynchon para esta comédia policial em registo «rave», «nonsense», «cartoon» e de «overacting», de que certo «pavé», levantado pelas barricadas da Paris de Maio de 68, é «leitmotiv» (e perdoem-me esta sobredose de aspas). Não se deu mal.

O filme é uma paranoia alucinada tão grande e tão complexa à volta dos anos 70 americanos, que até se lhe perdoa ter provado, por a+b, não ter havido praia/areia nenhuma por debaixo da calçada parisiense, apenas erva. Como se lhe perdoa a duração excessiva, e a ressaca que certamente provocará na manhã seguinte à generalidade dos espectadores, que o tenham digerido a custo.

O fabuloso elenco de «Vício Intrínseco», contudo, ajuda a que a festa raramente descambe (apenas a personagem de Reese Witherspoon, enquanto procuradora, parece estar a mais…), e no final ninguém já achará estranho aqueles diálogos ou aquele frenesim, e que por ali tenham aparecido personagens baptizadas de Mickey ou Bambi, ou que Josh Brolin (impagável, como sempre!) goste de massacrar a personagem central do filme com o inevitável «what’s up, doc?», tal a proliferação de aventuras, desventuras e «gags» hilariantes em que aquela se mete durante 148’.

Pessoalmente, gostava que PTA tirasse da cartola um novo «Haverá Sangue».


In O Diabo (17.2.2015)

quinta-feira, fevereiro 12, 2015

"The Sting" (1973), revisão em alta:

Doyle Lonnegan: Your boss is quite a card player, Mr. Kelly; how does he do it?
Johnny Hooker: He cheats.

quarta-feira, fevereiro 11, 2015

Filmes em revista sumária #489


Diz quem sabe que 1981 foi um dos anos mais violentos na história de Nova Iorque (não por acaso Carpenter rodou nesse mesmo ano «Nova Iorque 1997», em que a ilha de Manhattan era a prisão, o gueto murado, de todos os seus meliantes), a que não terá sido estranha a ascensão do “crack”.

Seja como for, Jeffey Chandor agarrou nesse ano para nos dar mais um dos seus magníficos filmes, o seu terceiro, agora uma parábola sobre as grandes esperanças de Abel Morales, um emigrante colombiano, que tem como sonho americano uma Nova-Iorque a seus pés.

E se no primeiro filme daquele jovem realizador, o protagonista era asfixiado pela teia da alta finança, e no segundo eram o oceano e os elementos quem ameaçava a sobrevivência do navegador solitário, neste «Um Ano Muito Violento», a personagem central luta desesperadamente (quase sempre de impecável e resistente sobretudo pêlo-de-camelo) por escapar ao jugo da corrupção e do gangsterismo militante, típico da actividade-negócio em que está metido (os derivados do petróleo).

Mais uma vez, Chandor filma a iminência do naufrágio da sua personagem central (uma enormíssima interpretação de Oscar Isaac – há ali qualquer coisa de Pacino), que lhe vai resistindo calma e estoicamente, sem pânico, no equilíbrio de fio-de-navalha, entre razão e emoção, e onde se comprova a velha máxima: “por detrás de um grande homem está sempre uma grande mulher” (e que Jessica Chastain!).

Um cinema minimalista, físico e elegante, em que a reconstituição de época (material e imaterial) e a encenação e os diálogos são fundamentais, um cinema onde valem os gestos, as expressões do rosto e o olhar. Ou como com um argumento linear e uma história simples se faz bom cinema, sem precisão das grandes parangonas e das 3-D. Não esquecer a assombrosa fotografia (também assente no tom pastel) de Bradford Young, e a música de fundo, a lembrar Badalamenti, de Alex Ebert.

Moral da história? «I have always taken the path that is most right», Abel dixit.


In O Diabo (10.2.2015)

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

"Big Sleep" (1946), revisão em alta(íssima):


She tried to sit in my lap while I was standing up.

terça-feira, fevereiro 03, 2015

Filmes em revista sumária #488


Até agora tínhamos Ed Harris e a sua fabulosa composição de sniper Koenig, no «Inimigo às Portas» (2001), o filme de J.J.Annaud sobre a batalha de Stalingrad (a mãe de todas as batalhas?), e na presente década passámos a ter Bradley Cooper e «Sniper Americano», o filme intimista de Eastwood (pai actual dos cineastas americanos?) sobre Chris Kyle, o lendário SEAL que facturou a módica quantia de 160 alvos abatidos, durante as quatro campanhas em que participou no Iraque.

E se a prestação de Cooper é mais uma das dele de nos encher o olho e, logo aí, meio filme, desta vez na pele de um herói americano de dupla face (e não serão todos?), um texano sorumbático e algo primário, cowboy de rodeo, vidrado em armas e a quem convenceram um dia que devia ser “cão-pastor” dos seus (da família, dos camaradas de armas, da América), já o resto do filme, embora não arrebatando como devesse (mas talvez nem fosse essa a ideia de Eastwood e tão somente a de dissecar o herói e o mundo/América do presente), é do melhor que o realizador nos deu pelo menos desde o inesquecível «Grand Torino» (2008), apesar de estarmos perante uma biografia e dependentes em absoluto do actor principal, repita-se.

Não deixando de ser déjà vu na explicação para a “lenda” (as raízes, o ambiente, a recruta, a monotonia da vida em família - e que bem está também Sienna Miller no papel da sua companheira-, o desencanto pessoal, a transfiguração do homem de boné na cabeça, ausente e monótono, por casa, em caçador de “lobos” e condutor e recuperador de homens), no terreno de combate, Eastwood consegue arrebatar o espectador em algumas cenas de acção de antologia (mesmo não querendo, quiçá), desde logo as do mano-a-mano com o atirador do lado de lá (desta vez não é Vassili, como no filme de Annaud, mas Mustafa …), e, claro, a do tiroteio e resgate durante a tempestade de areia, que é uma sequência assombrosa.

E parem de chamar nomes a «Sniper Americano», que não merece.


In O Diabo (3.2.2015)

segunda-feira, fevereiro 02, 2015

"Murder by Numbers" (2002), revisão em baixa:


I enjoy taking indefensible positions and creating an argument for them.