Confesso, sou fã do Homem-de-Ferro da BD, pelo menos quando o lia com sofreguidão, lá pelos idos de 70 e 80.
Mas tenho medo do que vem aí amanhã. Que me lembre, adaptações 'mais ou menos' da BD à 7ª Arte só mesmo «Batman», de Burton, e/ou «Homem-Aranha», de Raimi. Digo isto, porque nunca li «Sin City», cujo filme gostei bastante e sem mácula.
Em «O Olho», Jessica Alba vai bem e recomenda-se, em carreira ascendente e reinando a seu bel-prazer em todas as cenas em que entra. Simplesmente, o filme não gruda. Talvez porque a história seja 'nitidamente' japonesa. Talvez por isso, ou por inépcia do realizador, cheira a déja vu por tudo quanto é sítio, e a sensação final seja de enfado.
Imaginativo. Provocante. Refrescante. Mais um motivo para ir até ao Indie Lisboa. Amanhã, mais 3 pequenos grande momentos, a precederem mais um inolvidável filme de Guy Maddin. Obrigado, Rui.
Podemos resumir os «88 Minutos» deste filme de Jon Avnet em 88 minutos, em tempo real (piscadela de olhos óbvia a «24 h»), do one man show que é Al Pacino, talvez o melhor actor da actualidade, um actor de quem a câmara não descola e o espectador agradece. Enquanto thriller é banal, do mais vulgar que a TV pode passar, aliás, e onde não faltam correrias e tropelias a alta velocidade, maus de trazer por casa (que desperdício de Leelee Sobieski!), um Porsche e várias girls para condimentar melhor. Mas, tire-se Pacino e o filme é para esquecer. Ou, por outras palavras: que deu a Pacino?
Reentro em Dostoievski, entrando na vida de Goliádkin, mais uma das riquíssimas personagens que fazem parte da galeria do meu escritor mais-que-tudo, ele que o (d)escreveu tinha só 24 anos! O que significa que estou de volta à Alma Russa. Fazia-me falta.
«A Refeição Nua é um projecto de escrita ... Insectos negros voando para outras paisagens e outros planetas ... Conceitos abstractos, nús como a álgebra ... A Refeição Nua é uma forma de alargar níveis de experiência abrindo a porta localizada ao fundo de um comprido corredor. Portas que dão meramente para o Siêncio... A Refeição Nua exige o Silêncio do Leitor. Caso contrário está a tomar o próprio pulso.
Impressionante o Apêndice, esse diccionário sobre os efeitos das drogas que Burroughs tomou.
Como diz o meu amigo AA, e bem, a Coppola deve-se dar o benefício da dúvida, sempre. Foi o que fiz. E todos devem fazer. Mesmo que, como é o caso, o filme seja um filme menor, considerando, bem, que o já veterano Francis Ford, para além de homem com imenso bom gosto e génio criativo, é o demiurgo, à la Welles, que resta na 7ª Arte, e, portanto, tudo quanto se lhe exija seja a perfeição, «apenas». Isto para dizer que:
«Youth Without Youth», não deslumbrando, enquanto peça de autor, ou filme experimental – Coppola já não tem a mesma idade de quando rodou «Tonight for Sure» -, é um filme bastante bonito, e tem bastante do toque de Coppola, sem ser de Midas, contudo. O melhor que se pode dizer do filme é que nos faz ir a correr em busca de livros de Mircea Elliade.
Trata-se de um romance com contornos do fantástico (aqui e ali lembra Meyrinck), passado em vários cenários, em várias dimensões, físicas e mentais, sobre um homem a quem é dada uma segunda oportunidade para levar por diante o seu projecto de busca da origem do verbo. Uma busca egoísta, que, contudo, nesta segunda chance há-de perder em favor da sua amada.
Pena que se trate de um filme claramente descompensado, que começa em grande (desde o genérico inicial, aliás): estilo, visual, narrativa, personagens, interpretação de Tim Roth, etc. – e com sequências brilhantes (veja-se as cenas passadas no hospital psiquiátrico, a armadilha da vamp de ligas com suástica, os primeiros tempos sob a neve, os encontros do casal, o reencontro ocasional, na Suíça, a dimensão mística). Mas não chega. Talvez seja um filme comprido demais, ou talvez que o «crime» seja só um: o autor é Coppola. Venha o próximo, s.f.f.
Do que mais recordo de Lopes Ribeiro, não é a sua veia de Riefenstahl do 28 de Maio e da Exposição do Mundo Português, nem da sua militância queirosiana, mas do inesquecível Museu do Cinema, da RTP, em que passava de tudo um pouco, dos pioneiros do Cinema aos autores do antigamente. Lopes Ribeiro era uma enciclopédia viva, e tinha o melhor cartão de visitas que se pode ter, cinematograficamente falando: estagiou com Lang e Eisenstein. Faria 100 anos a 16 de Abril passado. Aqui fica um pouco da sua biografia.
Parabéns ao Rui Pereira e demais equipa. Pelo esforço. Pela persistência. Falta panache ao festival, mas um dia será, tenho fé. Desta vez, o usual, outra vez: bilhetes esgotados antes de estarem à venda (?). Reservados:
So you never knew love Until you crossed the line of grace And you never felt wanted 'Til you had someone slap your face So you never felt alive Until you'd almost wasted away
You had to win You couldn't just pass The smartest ass At the top of the class Your flying colors Your family tree And all your lessons in history
Please...please...please... Get up off your knees Please...please...please... Please...
So you never knew How low you'd stoop to make that call And you never knew What was on the ground 'til they made you crawl So you never knew That the heaven you keep, you stole
Your Catholic blues Your convent shoes Your stick-on tattoos Now they're making the news Your holy war Your northern star Your sermon on the mount From the boot of your car
Please...please...please... Get up off your knees Please...please...please... Leave me out of this please
So love is hard And love is tough But love is not What you're thinking of
September Streets capsizing Spilling over Down the drain Shards of glass Splinters like rain But you could only feel Your own pain
October Talk getting nowhere November December Remember Are we just starting again
Please...please...please... Get up off your knees, yeah Please...please...please... Please...
So love is big Is bigger than us But love is not What you're thinking of
It's what lovers deal It's what lovers steal You know I've found it hard to receive
O cinema do veterano Resnais é tudo menos velho: de uma concepção moderna e ousada, «Coeurs» chega a cheirar a leveza, a frescura. É ousado na mise en scène, e tem uma abordagem verdadeiramente original aos corações solitários, a que a neve da vida não dá tréguas, mesmo numa cidade eternamente romântica como Paris.
A direcção de actores é soberba, não só do clã tradicional de Resnais como nos recém-chegados. No entanto, as prestações de André Dussolier e Pierre Arditi são perfeitas (o longo monólogo confessional de Arditi a Sabine Azéma é a melhor cena de todo o filme). É, além disso, uma filme de nuances, um filme francês, um filme a não perder.
Palácio Foz, «Pinóquio», uma das muitas obras primas de Disney ... e que melhor maneira de se celebrar o primeiro aniversário da Cinemateca Júnior, senão acorrer em grande à sala dos Restauradores, pelas 11h?
O resto do dia? Ora, nas salas da Barata Salgueiro:
19:00 THEM! (1954)
21:30 BETTY BOOP CONFIDENTIAL (1995/compilação de 11 cartoons)
Acaba de morrer o bom homem que era Pedro Bandeira Freire, uma perda muito grande para o Cinema, a cinefilia, o Quarteto (e todo e qualquer projecto de revitalização do Quarteto). Tenho muita pena, pois foi de uma gentileza extrema aquando das minhas iniciativas pró-Odéon. Muitos falsos amigos teve ele, coitado, sobretudo do próprio meio. Muito contribuiu para a sua morte toda esta novela idiota sobre o Quarteto, a sabotagem, o fecho pelo IGAC, os patós que subexploraram o Quarteto desde os problemas de saúde que o fizeram afastar-se do Quarteto há uns 10 anos, etc., etc.
A melhor maneira de o homenagearmos seria fazermos tudo para reabrir o Quarteto, como ele era foi até há 15 anos, altura em que ainda dava cartas. Têm a palavra a CML e o MC, já que da iniciativa privada, nada se poderá esperar que não mais do mesmo.
AJ continua o seu percurso de personagem principal (será?) do livro mais demente e de um folclore execrável que jamais li; um mimo de alucinação. Prendam-me por dizer isso de Burroughs, mas custa a terminar a sua leitura.
Descontada a ‘natural’ queda de James Wan para a violência brutal (perdoem-me a redundância), quase gore, e para o monocromatismo da fotografia à «Saw», «Sentença de Morte» é um filme para todos menos ‘para todos’. Ou seja, é um filme forte e feio, não sobre um vigilante ou alguém que deixa libertar a sua veia latente, mas um filme sobre vingança. Ponto.
Posto isto, é um filme muito bem executado do ponto de vista da fluência da acção, com soluções bastante imaginativas do ponto de vista técnico (cenas sob múltiplos planos e cortes, e a velocidades diferentes), e algumas sequências que agradariam a Friedkin ou Siegel: a melhor de todas é aquela em que Kevin Bacon (brilhante, mas sem parceiro à altura) se vê perseguido desde a via pública até ao topo de um silo automóvel (allô Michael Caine, de «Get Carter»), com uns bons minutos da melhor acção que se tem filmado nos últimos tempos.
Porque razão não consigo mobilizar-me para ir em Agosto até ao Festival Sudoeste, para ver e ouvir os insuperáveis Franz Ferdinand?
"This Fire"
Eyes, boring a way through me Paralyse, controlling completely Now there is a fire in me A fire that burns
This fire is out of control I'm going to burn this city Burn this city This fire is out of control I'm going to burn this city Burn this city This fire is out of control I'm going to burn this city Burn this city This fire is out of control I'm going to burn it, I'll burn it I, I, I'll burn it down
Eyes, burning a way through me Overwhelm, destroying so sweetly Now, there is a fire within me A fire that burns
This fire is out of control I'm going to burn this city Burn this city This fire is out of control I'm going to burn this city Burn this city This fire is out of control Then I, I'm out of control And I burn,
Oh, how I burn for you Burn, oh how I burn for you Burn, how I Burn, how I Burn, oh how I...
This fire is out of control, I'm gonna burn this city, Burn this city...
A grande originalidade de «Vantage Point» é a sua montagem, feita em regime de flashback x8, continuado, até 60% do filme, sendo que a mesma se esgota por saturação ao fim do segundo ponto de vista, começo do terceiro, mal nos deparamos com uma constatação de facto: o realizador decidiu brincar com o espectador.
A partir daí é de uma tremenda monotonia de situações e personagens, a que só mesmo actores como William Hurt, Quaid ou Whitaker conseguem evitar o bocejo completo, apesar de algumas sequências de acção bem realizadas, numa Salamanca com cenários mexicanos e habitantes árabes…
O filme, a fitosa, vale pelo clímax final (se bem que a roçar a fronteira da boçalidade yankee) e pelos actores (que desperdício de Sigourney Weaver…, pelas imagens da Plaza Mayor, único cenário real de Salamanca, e pela certeza que todos temos: ali não houve nenhum atentado!
De Thorold Dickinson e com o grande Wallbrook no papel principal, amanhã, pelas 19h30, na Cinemateca. A não perder. Vejamos o que dele diz a própria Cinemateca:
«Embora esteja um tanto esquecido, Thorold Dickinson foi um dos mais importantes realizadores britânicos da sua geração, a mesma de Michael Powell e David Lean. THE QUEEN OF SPADES baseia-se no célebre conto de Pushkin, em que Tchaikowsky se baseou para uma obra-prima da ópera. História de um homem obcecado pelo segredo de três cartas que o podem fazer ganhar ao jogo, o que o leva a confrontar-se com uma velha condessa. Um filme esplêndido, realçado pela magnífica interpretação de Anton Walbrook no papel principal e pelos cenários de William Kellner»
Verdade seja dita que «The Mist», traduzido para «O Nevoeiro», nada tem que ver com o filme homónimo (e insuperável) de Carpenter, tampouco a trama, apesar da confusão entre neblina e nevoeiro que parece ter andado pelas cabeças de quem o traduziu e promoveu. Verdade seja dita, também, que, regra geral, o universo terrífico de Stephen King raras vezes é bem adaptado ao cinema. Pois, desta vez confirma-se a excepção à regra … (confesso: nunca li o referido conto de King): Frank Darabont é um realizador que já merecia maior atenção e desta vez esmerou-se:
O ambiente claustrofóbico de King, pejado de personagens impregnados de mitos e demónios interiores, que se metamorfoseiam em criaturas alienígenas, aqui e ali, que se viram contra aqueles terrestres em estado de medo, quando não, em demência existencial; esse, está todo no filme. Tal é a claustrofobia que só se ouve música de fundo bem perto do fim, quando o filme «cai na real» e a neblina levanta.
Gestão sóbria das situações, a denotar bom gosto nas soluções adoptadas em termos de câmara e encenação. Bons efeitos especiais de som e imagem. Narrativa escorreita. Acção sem pressas. Um bom filme, e uma surpresa para quem for de pé atrás.
Meu ícone da adolescência, recordo dele personagens bigger than life, em filmes que nunca esquecerei, a maior parte deles em reprise, claro está: «Ben-Hur» (num Tivoli lotado), «El Cid» (num Mundial ainda sala única), «Os 10 Mandamentos» (no Berna), «Touch of Evil» (no pequeno écran, sob a batuta de APVasconcelos, no inolvidável Cine-Clube), etc., etc., mais estreias que me marcaram, como «Soylent Green» (no saudoso Apolo 70) ou «Terramoto» (num Tivoli em sensurround).
Podia estar aqui a desbobinar filmes e mais filmes, que nunca mais acabava. Deixo só uma recordação frustrante: pela mão de minha Avó materna, tentei a sorte no Condes, para ver «A Lei do Ódio», que era «Não aconselhável a menores de 18 anos». Fiquei à porta e tivemos que rumar para outro cinema, para outro filme (que aquelas tardes de 4ª Feira eram religiosamente cinéfilas!). Nunca esqueci o ultraje. Anos mais tarde, vi o filme em televisão: bolas, só havia uma cena em que Heston levava uma balázio de Coburn e sangrava a rodos, vendo-se o sangue. Que ijustiça!
Grande actor, grande actor este que nos deixa. Grande, grande perda. Técnica brilhante, em palco, na tela e na TV ... basta recordar a sua performance dickensiana como Mr. Chuzzlewit (um portento). Um senhor.
Nascido americano, mas europeu de adopção (forçada), Dassin (na foto com o seu filho Joe) morre pouco tempo depois de ter desaparecido o actor que protagonizou, quiçá, o seu filme mais importante, Richard Widmark: falo de «Night and the City» - há quem defenda «Du rififi chez-les hommes», mas eu prefiro este. O seu forte? Os filmes policias, como é óbvio. Que seria do «polar» francês, sem a sua influência?