quarta-feira, setembro 30, 2009

Filmes em revista sumária # 171


Desconhecia Séraphine de Senlis. Graças a este filme, intimista e rural mas ao mesmo tempo profundamente espiritual (eu diria transcendentalista), de Martin Provost, fiquei a conhecer uma pintora extraordinária e a fronteira ténue entre o ser-se pobre de espírito e um génio. E fiquei a conhecer uma senhora actriz, de nome Yolande Moreau. Totalmente merecidos os Césares.




Foto: Séraphine no seu atelier (foto tirada em 1920 por Anne Marie Uhde)

domingo, setembro 27, 2009

If I were a rich man


Começava assim a célebre canção de «Um Violino no Telhado». Vem isto a propósito de que se o fosse estaria a licitar o espólio de Bergman, cujas peças estão aqui.

Esta fotografia diz respeito a:

OKÄND KONSTNÄR 17/1800-TAL, "Den sonderbrädte Laterna=Magica". Copper engraving, 18th/19th century. 17,2 x 12,8 cm Ej examinerad ur ram. Fläckar, gulnad.
Department: Prints
Estimate: SEK 3 000 – 4 000 / € 300 – 400
Auction dates: 28 September 2009
Viewing dates: 24 – 27 September 2009
Ingmar Bergman H022


... Jag tackar, JA.

Grafonola ideal (45)


«Tusk» (1979)

E en passant



Um pouco da melhor sequência da vida de Gene Kelly, o tal que fazia tudo quanto Astaire fazia, mas sem a souplesse e a elegência deste. Cyd Charisse para sempre!

I'm a concert pianist. That's a pretentious way of saying I'm... unemployed at the moment.



Enquanto as urnas não fecham.

sábado, setembro 26, 2009

O cúmulo dos cúmulos da nossa tv Cabo: na TCM e na RTP2 ao mesmo tempo



The big difference between people is not between the rich and the poor, the good and the evil. The biggest of all differences between people is between those who have had pleasure in love and those who haven't.


Sou fã de Geraldine Page mas mesmo assim...

Hey, there's something down here...





Esta tarde no Poço Velho, em Cascais.

quarta-feira, setembro 23, 2009

Risi vence Brest por K.O.





De um lado um dos melhores filmes de Risi, com um Gassman soberbo, uma cidade e um idioma que só podiam ser aqueles. Do outro, uma sequência de tango, foi o bastante a que Pacino ganhasse um Óscar. Catorze anos antes, Gassman ficaria pelo prémio de Cannes. Injustiças de sempre. A comparação que não se esquece.

Chegou ontem? Não me parece.


«Voz de Outono

Ouve tu, meu cansado coração,
O que te diz a voz da Natureza:
— «Mais te valera, nú e sem defesa,
Ter nascido em aspérrima soidão,

Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel
deveza, Do que embalar-te a Fada da Beleza,
Como embalou, no berço da Ilusão!

Mais valera à tua alma visionária
Silenciosa e triste ter passado
Por entre o mundo hostil e a turba vária,

(Sem ver uma só flor, das mil, que amaste)
Com ódio e raiva e dor... que ter sonhado
Os sonhos ideais que tu sonhaste!»


Antero de Quental, in "Sonetos"

terça-feira, setembro 22, 2009

Filmes em revista sumária # 170


Kathryn Bigelow é a digna herdeira de Aldrich dos anos 70 e de McTiernan dos anos 80. Cinema de Bigelow é, portanto, sinónimo de acção e adrenalina, tensão e poupança narrativa. Sobre o Iraque, o ponto de referência era um curioso e algo burlesco «Three Kings», aquando da Guerra do Golfo, mas agora é «The Hurt Locker», mas novamente protagonizado por 3 soldados (!). O filme está muito em feito e passados 5 minutos, o espectador “veste” imediatamente a pele dos soldados americanos da brigada de minas e armadilhas, e é com dificuldade que a “despe”, pois gostaria de “voltar” a “matar o vício” tal como acontece com a personagem excelentemente interpretada por um quase desconhecido Jeremy Renner. Há sequências notáveis, tais como a do taxista tresloucado ou a do cerco à brigada de caçadores de prémios comandada por Ralph Fiennes.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Em memória do almocinho na Estrelinha



O meu obrigado, caro Júlio, e que dentro em breve possamos fazer o mesmo por terras de Gotemburgo. Até lá, um abraço por via de um dos meus preferidos do mestre sueco.

Filmes em revista sumária # 169


Ang Lee podia ter feito algo parecido com «Almost Famous», o filme dos filmes de todo o “groovie” que se preze, mas ficou-se em «Taking Woodstock» por uma abordagem mole e chata, ao que se diz histórica, do pré e dos bastidores do maior de todos os “mega-concertos” (como agora se diz), Woodstock de seu nome.

De qualquer forma, há muitas e boas sequências para ver, sendo nostálgico ou não, que não passam, decididamente, nem pela família patética e grotesca da personagem principal, nem pelo desvio desta que tardava em ser assumido, muito menos por uma série de exageros e lugares-comuns da época e dos protagonistas, típicos talvez de quem naquela altura estava a milhares de km do acontecimento. Curiosamente, a música, que se esperava (eu, pelo menos) ser o centro de tudo, ficou-se quase que pelo genérico final.

quinta-feira, setembro 17, 2009

Vai um copinho de leite?


«Suspicion» (1941)

Well, well. You're the first woman I've ever met who said yes when she meant yes.

quarta-feira, setembro 16, 2009


Demi Moore

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Obituário: Patrick Swayze (1952-2009)



Que me lembre, a primeira vez que o vi no cinema foi com este filme de Coppola, por sinal no Tivoli, antes deste ser entregue aos actores de novela brasileira. Depois, lembro-me dele a “moldar” Demi Moore, enquanto ela moldava o barro, em «Ghost», no saudoso Berna. São os dois momentos que retenho deste simpático actor, desportista, dançarino e lutador contra o cancro. Pena.

terça-feira, setembro 15, 2009

Filmes em revista sumária # 168


Almodóvar está de regresso e com ele o bom cinema, não com tanto humor negro como os seus últimos filmes, mas sério, na tradição de «Todo sobre mi madre» e «Hable con ella», só que desta vez transbordando de Hitchcock (de citações e situações inequívocas aos ingredientes dos velhos clássicos do velho Hitch).

«Abrazos Rotos» é um filme triste, de uma tristeza infinita, em jeito de “milonga” argentina, cujas personagens (primorosamente interpretadas pelos respectivos actores e superiormente dirigidas por Almodóvar) vivem numa espécie de romance de cordel, com incursões, aqui e ali, mais ou menos picantes, pelo universo tipicamente almodovariano. Pelo meio, há um filme dentro do filme, que se vai apropriando, aliás, da própria realidade da narrativa. Um filme muito interessante, de cuja história fica a moral: há sempre a possibilidade de uma remontagem final. Valha-nos isso.

sábado, setembro 12, 2009

Um dos meus filmes preferidos:



Brevemente na Cinemateca, no âmbito de uma retrospectiva de um dos maiores de sempre, Garfield, morto pouco tempo depois deste filme, do sempre olvidado John Berry. A não perder.

quinta-feira, setembro 10, 2009

Este Sábado às 15h na Cinemateca Júnior:


After all, what is time? A mere tyranny.

Um filme magnífico, com um magnífico colorido, numa magnífica sala, a do antigo Cinema Central, no Palácio Foz, de um realizador magnífico, Michael Powell. Para miúdos e graúdos. A não perder.

quarta-feira, setembro 09, 2009

There's nothing to be afraid of. They were right. It's painless. It's good. Come. Sleep.



O que os políticos são cada vez mais e nos querem fazer cada vez mais.

terça-feira, setembro 08, 2009

Huis clos em revista


Vi «Venom» no saudoso Condes em princípios dos anos 80, e fui lá por 3 razões: pelo Condes, por Susan George e por Oliver Reed, todos os três meus amigos do peito na década anterior. Na altura retive o filme como uma tentativa curiosa - por sinal feita pelo neto do escritor autor das Minas de Salomão - em refazer os filmes de terror dos anos 30, designadamente aqueles que tão bem usavam o que passa para lá das portas de uma casa, para nos fazer suar as estopinhas. Tentativa semi-falhada, achei eu, que nem um elenco de estrelas (para além dos já mencionados, ainda havia Sterling Hayden, James Fox, Klaus Kinski, Cornelia Sharpe, Nicol Williamson) lhe teria valido. Nunca mais o revi desde aquela tarde. Até que há dias pude confirmar, via TV Cabo, que afinal, tinha acertado. Infelizmente.

Isto sim é cinema:

Filmes em revista sumária # 167


«Quem avisa, teu amigo é». Mais palavras para quê? O cinema de Tony Scott - se é que se lhe pode chamar cinema - sempre usou e abusou de barulho e pirotecnia, aqui e ali polvilhados de actores de corpo inteiro, mas em que o saldo final tem sido sempre claramente negativo. Esta “remake”, espalhafatosa e estúpida, mal feitona e risível do poderoso e seco homónimo da década de 70, não foge à regra e apenas apanha desprevenido quem quer, claro, salvo os naturais masoquistas, glups, que o visionarão apenas como “mais um filme” na lista semanal. Realce, contudo, neste «The Taking of Pelham 123» para dois actores mal empregados em tudo isto: Denzel Whashington e Gandolfini. Toca a correr ao filme de Robert Shaw e Walter Mathau, S.F.F.

sábado, setembro 05, 2009

À la recherche du temps perdu (8)



Pouca sorte em Lyons-la-Fôret, logo ali onde Ema foi infiel a Pierre Renoir ou a Van Heflin (e como este actor tinha queda para papéis de traído!), por exemplo. Não bastou estar deserta e com quase tudo fechado para férias no Sul. É que nem sob aquelas telhas quase centenárias do velho mercado central, nem no esconderijo junto ao riacho, nem saindo de nenhuma casinha daquelas fileiras que bordejam a rua principal. Nada.

Fiquei a ver navios. Nem Pola Negri, nem Jennifer Jones, nem sequer a mais novita, Huppert. A culpa foi minha, eu sei, que ali devia ter estado aquando das versões várias de Mme. Bovary. E de James Mason, aliás Flaubert, e do seu papagaio ao ombro.


quinta-feira, setembro 03, 2009

terça-feira, setembro 01, 2009

Filmes em revista sumária # 166


O saudoso e duro Aldo Ray que dá nome ao Aldo Raine de Pitt; Yvette Mimieux que dá nome à dona do cinema onde passam filmes de Georges-Henri Clouzot, e que, aliás, fez dupla com Rod Taylor – que aqui faz de Churchill - num já célebre filme de acção “Expresso de Katanga”. Planos e sequências a transbordarem de cinefilia por todos os lados (dos acenos a “A Desaparecida”, a Bowie cantando como em “Cat People”, etc., etc.), tudo isso é motivo para regozijo em “Inglorious Bastards”, a última obra de Tarantino. Mas nesta paródia aos (ou será “de”) filmes de guerra, aqui e ali pontuado por clichés dispensáveis, o que dá para ver que o autor de “Pulp Fiction” é mesmo um fora-de-série são os assombrosos diálogos de quase todo o filme.

Perante um tema – a 2ª Guerra Mundial - tão estafado, quanto filão, só um grande realizador é que seria capaz de segurar uma plateia do princípio ao fim. Os diálogos curtos, plenos de humor e certeiros; e algumas sequências de assombro, como as do jogo de “adivinha que carte tenho na testa” na taberna (cujo desfecho lembra a do terrível desfecho de “Reservoir Dogs”, ou a do morticínio aquando da primeira operação de escalpes, fazem deste filme não a melhor mas mais uma obra incontornável de Tarantino. Isso e um espectacular actor, Christoph Waltz