sexta-feira, julho 31, 2015

Sommarlek 2015 #2


O barco, o lago e Drottningholm


Foto: Strömma

quinta-feira, julho 30, 2015

Sommarlek 2015 #1


Portão de entrada (simbólica) para Djurgården


Foto: Planet Ware

quarta-feira, julho 29, 2015

Filmes em revista sumária #508


Uma agradabilíssima surpresa: é o que se pode dizer dos primeiros 60 dos 95 minutos de «Das 5 às 7», a comédia romântica de estreia de Victor Levin no cinema, ele que até agora era mais conhecido como argumentista e produtor televisivo, tendo as séries «Doido por Ti», dos anos 90, e «Mad Men» como destaques do seu c.v.

E se o mesmo não se pode dizer do resto do filme é porque a partir do momento em que termina o affaire à hora do chá, tudo o que foi feito até aí, e foi quase tudo bem feito, começa a tremer por força do chorrilho de situações pirosas e politicamente correctas (ai aquele anelito na mão dela ao fim…) que se sucede. Valem-lhe os diálogos de excepção (ui, aqueles duelos extraordinários entre Glenn Close e Frank Langella!) que continuam inabaláveis até ao fim, mesmo que sua força e a sua frescura merecessem outro remate.

Além, bem entendido, doutro par de actores, que fizesse faísca e que o espectador pudesse compreender como passível de uma centelha «Das 5 às 7». Porque, convenhamos, nem Anton Yelchin (esforçado mas a precisar de sopro) nem Bérénice Marlohe (ex-Bond Girl) conseguem disfarçar uma incompatibilidade de facto, a que nem o maior dos acasos conseguiria obviar, quanto mais o que a fita nos mostra.

Seja como for é nos diálogos (e nos monólogos de Brian) que reside o interesse de «Das 5 às 7», e prova disso é que serão muitos os espectadores que os ouvindo viajarão em espírito até aos inolvidáveis filmes de Lubitsch ou Capra, só para falar de dois dos deuses da palavra filmada, tal a riqueza, o humor e a profundidade dos mesmos. Isso e a belíssima música de Danny Bensi.

Uma nota final para a disparidade de clichés que Levin pretender transmitir: enquanto os americanos só sabem ver filmes a comer pipocas, intervalando-as com banalidades, já os casais franceses cultivam e fazem questão no romance extraconjugal, ainda que sob postura existencialista. Pois.


In O Diabo (28.7.2015)

terça-feira, julho 21, 2015

A nossa Canção de Lisboa


O filme de 1933 que dá título a estas linhas é um daqueles filmes que pode ser exibido em casa ou no cinema vezes sem conta que nunca enjoa, longe disso. Essa evidência terá pouco ou nada que ver com o facto de «A Canção de Lisboa» ter sido o primeiro filme sonoro português, ou por o seu elenco superlativo que o encabeça (Beatriz Costa, Vasco Santana e António Silva, os três no auge das suas capacidades).

O mistério de semelhante e irrepetível êxito terá mais que ver com o facto de que talvez aquela comédia, aquela “canção”, bem vistas as coisas, ser o nosso fado: o fado de um país do e que faz de conta muitas vezes, demasiadas aliás. Se compararmos «A Canção de Lisboa» com o decalque do “pátio”, de Ribeirinho, em 1942, este outro perde claramente para o primeiro em todas as vertentes e mais algumas.

Ao invés, cada vez que se revê (haverá alguém que nunca o tenha visto?) o único filme realizado pelo Arq. Cottinelli Telmo [e para quando as pazes com o legado do multifacetado e injustiçado José Cottinelli Telmo (1897-1948)? É que por mais exposições e menções que se promovam, e promovem, a verdade é que, por exemplo, a fabulosa estação fluvial Sul e Sueste, ao Terreiro do Paço, continua vergonhosamente abandonada!], entra-nos uma revoada de ar fresco, um tónico particularíssimo, que não só dura integralmente a hora e meia da película como perdura durante alguns dias.

Que se acuse quem nunca foi às lágrimas com os “diagnósticos” do Vasquinho aos bichos do Zoo, ou com o sentimentalão “fado do estudante”. Haverá alguém que possa ficar indiferente ao triunfo apoteótico do cábula no exame de medicina, coroado com o esternocleidomastoideu? Ah, e aquele número musical de antologia, tão singelo quanto provocadoramente libidinoso, da filha-costureirinha (Beatriz Costa) e do pai-alfaiate (António Silva): “Ai chega, chega, chega, chega à minha agulha; afasta, afasta, afasta, afasta o meu dedal”.

Cai sempre bem «A Canção de Lisboa».


In O Diabo (21.7.2015)

terça-feira, julho 14, 2015

Filmes em revista sumária #507


Há coisa de 30 anos, Arnold Schwarzenegger caía nu, não no meio da sala do saudoso Condes, dos Restauradores, mas no meio de uma ruela de Los Angeles, entre raios e coriscos e caixotes do lixo, perante a estupefacção de um sem-abrigo, que havia de ficar marcado para o resto da vida, presumo, tal como James Cameron ficou, que teve aqui o seu primeiro mega-sucesso e ponto de não-retorno na sua carreira.

Arnie chegava directamente, não de Conan ou de um concurso para Mr. Universo, mas do futuro. E chegava ao presente com a missão de exterminar Sarah Connor (a personagem maior da carreira de Linda Hamilton), que, ainda sem saber, seria a mãe do futuro líder da rebelião dos humanos no mundo pós-apocalíptico de 2029, governado por máquinas tiranas.

O filme de ficção científica chamava-se «Exterminador Implacável», o cyborg assassino tinha duas ou três deixas, e outras tantas cenas, de antologia e o resto já toda a gente sabe. O problema é que nestas coisas de sucessos de bilheteira, há logo a tentação para uma sequela, e mais uma e, jogando na sorte e na proverbial falha de memória do público mais jovem, uma 3ª, uma 4ª e por aí fora.

E se para o sucesso da primeira sequela, «O Julgamento Final» (1991), muito contribuíram os tremendos efeitos especiais do filme, sobretudo a nível do “mau da fita” - o andróide T-1000, feito de uma liga metálica capaz de ir do estado líquido ao sólido, e vice-versa, metamorfoseando-se em várias personagens - e, claro, o facto do cyborg de Schwarzenegger ser bonzinho, já este novel «Exterminador do Futuro: Génesis» é pouco mais que medíocre enquanto filme de ficção científica (até porque sem efeitos especiais de realce), resumindo-se a uma paródia de digestão imediata.

Valem-lhe as múltiplas e variadas aparições de Arnie e as auto-citações, também, que vai dizendo ao longo do filme. É muito pouco mas era de prever.

Ah, vêm aí mais 2 sequelas, ah pois é!


In O Diabo (14.7.2015)

sexta-feira, julho 10, 2015

Obituário: Omar Sharif (1932-2015)


Adeus, Sherif Ali, adeus Yuri. Morreu um dos últimos e já raros ícones da Sétima Arte, e um daqueles a que quase ninguém ficou indiferente. Pessoalmente, nunca lhe perdoarei o que, enquanto Federico Fendi, fez a Anouk Aimée, perdão, Carla, em The Appointment (1969). Quem me dera ter um dia leiloado com ele ou assistido in loco a um dos seus carteios memoráveis de bridge.

terça-feira, julho 07, 2015

Filmes em revista sumária #506


Convenhamos que se já não é fácil transpor para a tela uma obra literária, seja ela qual for, muito mais difícil será adaptar ao grande écran um colosso da literatura intitulado “Madame Bovary”, uma obra profundamente dramática, cruel e erótica, e já de si provavelmente bastas vezes mal traduzida. Por isso tem que se dar um desconto à franco-americana Sophie Barthes, mais a mais tratando-se da sua segunda longa-metragem enquanto realizadora, até porque Flaubert terá sempre poucas afinidades com Manhattan ou Sundance…

A prova é que não é de agora a manifesta mediania da maioria esmagadora das relativamente poucas adaptações cinematográficas feitas sobre a novela (receio do papagaio de Flaubert?), cujo autor uma vez disse que «o melhor da vida passa-se a dizer “é muito cedo”, e depois “é muito tarde”».

E não será porque para ser um bom filme, ele tem obrigatoriamente que ser filmado em língua francesa – basta ver que a melhor Emma Bovary de sempre terá sido a que Jennifer Jones interpretou na versão americana de Minnelli, em 1949, se bem que o melhor filme possa ser o de Chabrol, de 1991, o que está longe de estar provado, preto no branco.

Aparentemente, esta adaptação de Barthes tem tudo para dar certo - a lente no ângulo certo, a fidelidade ao texto, diálogos em inglês com larachas em francês e até a Normandia é filmada- mas não terá o essencial, i.e., a credibilidade das personagens principais.

Desde logo a da personagem principal. Mia Wasikowska tem um ar de criança saída dos romances de Dickens do princípio ao fim, e dos amantes dela é melhor então nem falar porque dão vontade de rir. Não se vislumbra sequer a mulher-leoa que inflamava e trucidava todos quantos lhe passaram à frente. Desconhece-se o que lhe vai na cabeça e na alma. Falha também a narrativa, algumas vezes aos tropeções.

Resumindo, sente-se uma total apatia pelas personagens principais, e quando assim acontece é porque algo não correu lá muito bem. Que passe bem este casal Bovary…


In O Diabo (7.7.2015)