Filmes em revista sumária #516
Onde está aquela energia, aquela chama interior que fez dele imortal, estandarte de toda uma geração, ícone da Sétima Arte, lado a lado com Marilyn, Bogart, Brando?
Claro que o filme retrata apenas alguns dias na vida de Dean, mais propriamente os que ele passou na companhia do fotógrafo, então ainda em ascensão, Dennis Scott (bravo, Robert Pattinson!), que lhe soube fotografar a alma numa série de fotos memoráveis que fez ao serviço da agência Magnum, para a revista Life e que andam por aí. Breves momentos que decorreram entre a estreia do primeiro filme de Dean, «A Leste do Paraíso» (1955), e o casting para o segundo. É muito curto para um retrato completo e fidedigno de alguém que seria bigger than life.
E talvez que a “inabilidade” de Corbijn resulte do facto de, ao contrário do que fez quando retratou a vida de Ian Davies, no fabuloso «Control» (2007), apenas tenha conhecido Dean pelos recortes de jornal e pelas imagens dos 3 filmes (e que filmes! E que interpretações!) que o actor rodou, pois nasceu no mesmo ano em que o actor morreu.
Seja como for, o filme tem momentos muito bem conseguidos (ex. a fragilidade de Dean, as cenas na família Quaker), outros nem tanto (ex. o romance de Dean com a também frágil Pier Angeli) e «Life» consegue dar-nos uma ideia, ainda que pálida, do verdadeiro rebel without a cause que foi Dean, e da enorme perda que a sua morte representou para tantos, desde logo para o Cinema, naquela trágica tarde, num cruzamento agora famoso da estrada californiana nº 46, aos 24 anos de idade, ao volante do seu Porsche 550 Spyder, a 137km/h, faz agora 60 anos.