É um dos marcos do mudo, mas também o é do sonoro. É um marco como actor e como realizador. Para uns foi um filho da mãe de um arrogante, para outros um maníaco da perfeição. Para outros, ainda, um enfatuado que nunca conseguiu deixar de ser ridículo. Para mim é um pouco disso tudo e, por isso, um dos maiores génios da Sétima Arte. Além do mais foi um filme dele, «
The Merry Widow» (1925) - que inaugurou o «meu» Odéon. Mas bastaria vermos alguns minutos de «
Foolish Wives» (de 1922, em que reconstituiu em pleno plateau a praça do casino de Monte Carlo, teve 2.000 figurantes, e até caviar a sério para as filmagens), de «
Queen Kelly» (de 1929. e do qual foi despedido por Swanson)ou de «
Greed» (de 1924, cuja versão original tinha 9h de duração, e nela obrigou toda a gente a ir filmar ao Vale da Morte, para ser fiel ao romance base do filme) , para imediatamente nos apercebermos de quão sublime é o cinema deste vienense, que gostava de usar monóculo e que quando chegou à América, se apresentou como sendo o
Conde Oswald Hans Carl Maria von Stroheim, quando era na realidade filho de um fabricante de chapéus de palha. Como actor, deixa marcas indeléveis em filmes como «
A Grande Ilusão» (1937), de Renoir, em que representa com tal empenho a figura do oficial prussiano Rauffenstein que Goering, ao ver o filme, terá dito «
Mas não há oficiais alemães assim!», ao que um jornalista francês terá respondido, «
Infelizmente»), os «
Disparus de Saint-Agil» (1938), de Cristian-Jaque, e «
Sunset Boulevard» (de 1950, onde reecontraria Swanson, e onde ter-lhe Billy Wilder perguntado uma vez a razão por que Stroheim falava tão lentamente no filme, ao que o génio terá respondido: «
para ficar o mais tempo possível no écran». Emigrado nos EUA, é com Griffith que entra no Cinema ao ser figurante na saga dixie de «Birth of a Nation» (1915). Muitos anos mais tarde rumaria até França onde marcou toda uma gama de filmes. De Hollywood disse um dia: «
In Hollywood, you're as good as your last picture».